Domingo, 01 de junho de 2025

Sob o governo Trump, brasileiros relatam medo e incerteza para estudar nos Estados Unidos

As políticas do presidente americano Donald Trump de cortes na educação e perseguição aos imigrantes estão atingindo diretamente estudantes brasileiros. Os que estão nos Estados Unidos relatam medo constante de serem deportados e, os que têm planos de estudar lá, já pensam duas vezes antes de ir ou tiveram programas cancelados.

Mais de 41 mil estudantes brasileiros estavam no país em 2024, segundo dados do governo americano. O número é similar aos níveis de antes da pandemia de Covid-19. Estudantes brasileiros relatam a incerteza e pedem anonimato, com medo de represálias.

Uma estudante maranhense de 31 anos, que vive desde 2022 em Connecticut e terminou recentemente um mestrado, conta que participou de protestos pró-Palestina realizados pelos colegas de universidade e ficou “chocada” quando a própria instituição chamou a polícia para deter os estudantes às 5h da manhã. Ela destaca a branquitude do estado americano onde vive e diz que convive com uma “bolha” de estrangeiros.

Segundo a estudante, representantes da universidade passaram a reunir os estudantes internacionais semanalmente para dar orientações e deixavam claro que não tinham como prever o que aconteceria e que não poderiam usar recursos da instituição para ajudá-los. Ela diz que chegou a receber sugestão de excluir suas contas nas redes sociais para evitar problemas, já que aparecia em vídeos na linha de frente dos protestos estudantis.

Passado o período mais tenso, a brasileira conta que ainda não está totalmente tranquila — tanto que não quis que o seu nome fosse divulgado —, apesar de ter decidido ficar nos EUA para fazer o doutorado.

O antropólogo David Nemer conhece bem esse sentimento. Ele já sofreu ameaças em razão de suas pesquisas sobre extrema direita e fake news. Professor nos EUA há 10 anos, Nemer atualmente dá aulas na Virgínia e conta que está no Brasil porque optou por um período sabático.

“Embora não tenha absolutamente nada na minha ficha criminal, fiquei com muito receio porque, por causa da minha pesquisa, poderia ser um alvo”, conta o antropólogo, acrescentando que contratou uma advogada especialista em imigração para ficar caso algo aconteça.

Nemer diz que vem observando uma queda na procura por vagas no departamento no qual trabalha por parte de estudantes brasileiros:

“Na época do [ex-presidente Joe] Biden, eu tinha até 23 pedidos de estudantes brasileiros para irem estudar comigo todos os anos. Desde que Trump assumiu, tive dois”, disse.

Fundadora de um projeto educacional que oferece cursos de inglês para mulheres em São Luís, no Maranhão, a professora Dayane Brito, 33, foi selecionada para um programa que começava on-line e deveria terminar com um período de estágio na Califórnia. Após a eleição de Trump, um módulo focado em diversidade e inclusão foi retirado do programa. Duas semanas antes de viajar a São Paulo para tirar o visto, e já com as passagens para os EUA em mãos, a viagem foi cancelada pelo Departamento de Estado, financiador da iniciativa.

Outros dois brasileiros, pesquisadores reconhecidos de Pernambuco e da Bahia, relataram, anonimamente, situações similares. Um deles teve o projeto cancelado pelo congelamento de recursos, enquanto o outro adiou o plano de passar um período nos EUA devido ao contexto político. As informações são do jornal O Globo.

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