Sábado, 27 de setembro de 2025

Sob o governo Trump, deportação de brasileiros dos Estados Unidos dispara

Mais um voo com brasileiros deportados dos Estados Unidos chegou a Belo Horizonte (MG) na noite de quinta-feira (25). Entre os 98 repatriados, estava Paulo Sérgio dos Santos, que vivia nos EUA há quatro anos trabalhando como entregador.

“Só garanto que eu não vou sair daqui mais. Agora é aqui. Vou continuar minha jornada aqui com a minha filha, graças a Deus”, disse ele, emocionado ao reencontrar a família no Aeroporto Internacional de Confins.

De janeiro até agora, 2.159 brasileiros já foram removidos dos Estados Unidos em 23 voos fretados. A expectativa é que este ano registre um recorde histórico de deportações de brasileiros.

O envio desses voos havia sido suspenso em 2006, após denúncias de maus-tratos a deportados, investigadas por uma CPI no Brasil. Só em 2018, após um acordo assinado entre o então presidente Michel Temer e Donald Trump, os pousos voltaram a ser autorizados.

De lá para cá, o número disparou e o governo Biden manteve o ritmo de deportações. Entre 2020 e 2024, mais de 7 mil brasileiros foram deportados, sendo 2021 o ano de maior volume, com 2.188 repatriações.

De volta ao poder em 2025, Trump reforçou a promessa de deportações em massa.

“No segundo mandato do governo Trump, a gente tem também uma mudança do ponto de vista orçamentário, né? Com a aprovação da nova lei orçamentária, teve um aumento exponencial do investimento. Eles conseguem chegar em mais cidades, conseguem controlar mais os lugares onde esses migrantes estão”, comenta Carolina Moulin, professora de Relações Internacionais e Direito da UFMG..

A estimativa é que cerca de 230 mil brasileiros vivam hoje de forma ilegal nos Estados Unidos.

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, desde agosto os EUA passaram a enviar um voo por semana ao Brasil com imigrantes ilegais. Antes, a frequência era de um a cada 15 dias.

Para o caminhoneiro José Eduardo Santos, deportado após viver nos EUA desde 2021, a volta representa o fim de uma tentativa:

“Agora recomeçar e nunca mais pensar em migrar para outro país, porque não vale a pena”, comenta.

A Organização Internacional para as Migrações avalia que a mudança para voos semanais tem resultado em aeronaves menos lotadas, mas o fluxo segue constante.

Medo

A campanha de deportações do governo Donald Trump vem causando um clima de medo entre comunidades de imigrantes em diferentes cidades dos Estados Unidos, causando uma onda de cancelamento de eventos em Massachusetts e cenas tensas na Califórnia.

Um dos cancelamentos atingiu a comunidade brasileira em Martha’s Vineyard, conhecida ilha na costa leste americana que abriga mansões de famosos e possui grande contingente de trabalhadores migrantes.

Em junho, organizadores adiaram a Brazil Fest, que celebra a cultra do país, depois que 40 pessoas foram detidas pelo ICE, o serviço de imigração americano. Remarcada para 12 de outubro, Dia das Crianças, o evento foi definitivamente cancelado no último dia 15 por medo de que agentes de imigração invadissem o festival.

Já a Fiesta del Rio, que comemora o Mês da Cultura Hispânica na cidade de Everett, também em Massachusetts, foi cancelada nove dias antes da data prevista para acontecer, no último dia 20. De acordo com o jornal The Boston Globe, o prefeito de Everett, Carlo DeMaria, disse que “não seria certo ter uma celebração” em um momento em que membros da comunidade não se sentem seguros de sair na rua.

Dados do censo americano mostram que 50% da população da cidade, que faz parte da região metropolitana de Boston, é composta por pessoas nascidas fora dos EUA —a maioria vinda da América Latina.

 

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