Sábado, 01 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 31 de outubro de 2025
Após o aumento das forças americanas no Caribe, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, está recorrendo à Rússia, China e Irã para melhorar as desgastadas capacidades militares de seu país e solicitar assistência. Ele pediu radares defensivos, reparos de aeronaves e mísseis, de acordo com documentos do governo dos Estados Unidos obtidos pelo jornal The Washington Post.
Os pedidos a Moscou foram feitos em carta destinada ao presidente russo, Vladimir Putin, entregue durante visita à capital feita por um assessor sênior neste mês.
Maduro, segundo os documentos, também enviou carta ao líder chinês, Xi Jinping, buscando “cooperação militar ampliada” entre os dois países para combater “a escalada entre os EUA e a Venezuela”.
Na carta, Maduro pediu ao regime da China para acelerar a produção, em empresas chinesas, de sistemas de detecção por radar, presumivelmente para que a Venezuela pudesse aprimorar suas capacidades.
Os documentos dizem que o ministro dos Transportes, Ramón Celestino Velásquez, também coordenou um carregamento de equipamentos militares e drones do Irã enquanto planejava uma visita àquele país.
Ele disse a um oficial iraniano que a Venezuela precisava de “equipamentos de detecção passiva”, “bloqueadores de GPS” e “quase certamente drones com alcance de 1.000 km”, segundo os documentos.
“Na missiva, Maduro enfatizou a seriedade da percebida agressão dos EUA no Caribe, enquadrando a ação militar dos EUA contra a Venezuela como uma ação contra a China devido à ideologia compartilhada”, afirmam os documentos dos EUA.
Não está claro nos documentos como Rússia, China e Irã responderam.
Principal aliado
A Rússia continua sendo a principal aliada de Maduro. No domingo, um Ilyushin Il-76, uma das aeronaves russas sancionadas em 2023 pelos EUA por ser utilizada no comércio de armas e no transporte de mercenários, chegou a Caracas, capital da Venezuela, após rota sinuosa sobre a África para evitar o espaço aéreo ocidental, segundo o site Flightradar24. O Kremlin se recusou a comentar sobre a carta.
Apenas um dia antes, Moscou ratificou um novo tratado estratégico com Caracas.
As manobras demonstram o quanto Moscou tem a perder caso o líder venezuelano, já fragilizado, caia. Projetos de grande visibilidade entre os dois países continuam sendo implementados, incluindo uma fábrica de munições para o fuzil Kalashnikov, inaugurada em julho no estado venezuelano de Aragua, cerca de 20 anos após ter sido prometida. Moscou também detém direitos de exploração de reservas de gás natural e de petróleo avaliadas em bilhões de dólares.
Apesar da aparente tensão, observadores afirmam que o interesse de Moscou em apoiar Maduro pode ter diminuído em comparação com anos anteriores. O impasse entre Washington e Caracas pode até oferecer aos russos alguns benefícios inesperados, ao desviar a atenção americana da Europa.
Os laços políticos e econômicos entre Rússia e Venezuela datam de Hugo Chávez, pai do Estado socialista, após sua ascensão ao poder em 1999. O relacionamento floresceu durante os anos 2000, 2010 e início de 2020. Hoje, abrange o vital setor petroquímico, compras de armas, operações de propaganda compartilhadas e negócios opacos de criptomoedas, segundo analistas. (As informações são da Folha de S. Paulo)