Segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 11 de agosto de 2025
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e o coronel Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente, participarão nesta quarta-feira (13) de uma acareação no STF (Supremo Tribunal Federal) para esclarecer contradições em seus depoimentos sobre a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
O ato ocorre enquanto aliados do ex-presidente pressionam pelo avanço no Congresso da anistia aos envolvidos nos atos extremistas de 8 de janeiro de 2023, pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes e pelo fim do fórum privilegiado.
A acareação, autorizada pelo próprio Moraes, relator da ação, é parte da fase de diligências complementares do “núcleo 2” da trama golpista. O encontro cara a cara dos militares foi pedido pela defesa de Marcelo Câmara após Moraes abrir o prazo de 5 dias para quem quisesse pedir as últimas investigações complementares no caso.
O advogado de Câmara, Eduardo Kuntz, afirmou que a acareação visa esclarecer contradições sobre o monitoramento de autoridades que, segundo Cid, teria sido feito pelo ex-assessor.
“É importante que ele possa explicar porque a palavra dele [é] mal interpretada e eu tenho a esperança de que ele possa esclarecer a verdade, daí a importância dessa acareação. Não é que ele é mentiroso, é que as palavras dele foram mal interpretadas”, afirmou Kuntz.
As investigações apontam que o coronel Marcelo Câmara teria monitorado autoridades como Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
A participação de Câmara nesse monitoramento teria sido mencionada por Mauro Cid em depoimento. Segundo ele, Bolsonaro demonstrou nervosismo ao desconfiar que o então vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) teria se reunido com Moraes.
Segundo Cid, foi a partir desse episódio que ele próprio pediu a Câmara que confirmasse a informação. No entanto, Cid afirmou não saber como o coronel teve acesso a dados restritos sobre a localização de Moraes, dizendo apenas que Câmara obteve as informações e as repassou ao grupo.
Em interrogatório, Câmara negou qualquer monitoramento e disse ter utilizado apenas dados públicos, como agenda oficial, com o objetivo de aproximar Bolsonaro do ministro.
Câmara está preso preventivamente e participará da acareação presencialmente com tornozeleira eletrônica. Ele também é investigado por obstrução de Justiça por supostamente ter tentado contato com Cid.
Além da acareação, Moraes deferiu um pedido da defesa do ex-assessor de Bolsonaro Filipe Martins para que o Ministério da Justiça entregue ao Supremo a resposta do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos sobre os registros de entrada e saída de Martins do país.
Finalizada fase de diligências complementares, o ministro deve abrir o prazo de 15 dias para que a Procuradoria-Geral da República apresente suas alegações finais – documento em que o órgão avalia todas as provas produzidas no processo e sugere a condenação ou absolvição dos réus.