Segunda-feira, 19 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de maio de 2025
A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito soberano dos Estados Unidos, de “AAA” para “Aa1”. O corte ocorre mais de um ano depois que a agência mudou sua perspectiva sobre a classificação dos EUA para negativa. A Moody’s disse na sexta-feira que sua decisão “reflete o aumento, por mais de uma década, do endividamento do governo”.
A dívida pública atingiu, diz o documento, níveis significativamente mais altos que os de outros emissores soberanos com notas semelhantes, daí a decisão.
Segundo o documento, a Moody’s vê que houve sucessivo adiamento do debate para criar medidas que deveriam frear a tendência do déficit fiscal, hoje “elevado e com custos crescentes de juros”.
“Os pagamentos de juros federais provavelmente consumirão cerca de 30% da receita pública até 2035, ante aproximadamente 18% em 2024 e 9% em 2021”, diz o comunicado. A Moody’s afirma que os países com o maior grau de investimento gasta com juros em 1,6% da receita.
A Casa Branca criticou a decisão da Moody’s, classificando-a como política. Steven Cheung, porta-voz do presidente Donald Trump, acusou Mark Zandi, economista da Moody’s Analytics, em um post no X, de ser um crítico de longa data do governo.
“Ninguém leva sua ‘análise’ a sério. Ele já provou estar errado várias vezes”, disse Cheung. A Moody’s Ratings é um grupo separado da Moody’s Analytics. Zandi não comentou.
A reação dos principais mercados financeiros foi rápida, com os rendimentos do título de dez anos do Tesouro subindo até 4,49%. Um fundo negociado em bolsa que acompanha o S&P 500 caiu 0,6% nas negociações pós-mercado.
“O rebaixamento pode indicar que os investidores exigirão rendimentos mais altos para os títulos do Tesouro”, disse Tracy Chen, gerente de portfólio da Brandywine Global Investment Management. Embora os ativos dos EUA tenham se recuperado em resposta aos rebaixamentos anteriores da Fitch e da S&P, “ainda não se sabe se o mercado reagirá de forma diferente”.
O rebaixamento decidido pela Moody’s ocorre em um momento em que o nível geral de endividamento dos EUA já ultrapassou o tamanho da economia, na esteira de empréstimos concedidos desde a pandemia de Covid. Os juros mais altas nos últimos anos, para trazer a inflação para meta em torno de 2%, também aumentaram o custo da dívida.
Joseph Lavorgna, que trabalhou no Conselho Econômico Nacional da Casa Branca no primeiro governo Trump, disse que o momento do rebaixamento é “muito estranho”, já que está em tramitação no Congresso um grande projeto de lei de corte de custos. O índice de 100% da dívida em relação ao PIB também “não é incomum” no mundo, disse, que agora é economista-chefe da SMBC Nikko Securities nos EUA.
Os Estados Unidos são a nação industrializada de crescimento mais rápido e têm a maior produtividade per capita, de modo que o rebaixamento não faz sentido, disse ele.
Reformas fiscais
Com a decisão, a nota dos EUA cai do nível mais alto, considerado “prime”, para “high grade”, ainda em nível elevado. No alto escalão, onde estavam os EUA, seguem Alemanha, Dinamarca e Noruega. No novo nível, o segundo numa escala de 21, estão, além dos EUA, Áustria e Finlândia.
Das três principais agências de classificação de risco, a Moody’s era a única que ainda mantinha a nota máxima AAA para a dívida americana. A Fitch e a S&P já haviam reduzido suas classificações para a dívida americana em 2023 e 2011, respectivamente. Segundo a CNN, a agência mantinha essa classificação perfeita para os Estados Unidos desde 117.
Segundo a Moody’s, os EUA não correm risco imediato de novo rebaixamento. A agência considera a perspectiva do país “estável”, em parte por sua “longa história de política monetária muito eficaz, conduzida por um Federal Reserve independente”.
Segundo a agência, para elevar a nota, os EUA precisarão fazer reformas fiscais para desacelerar ou até mesmo reverter, a deterioração na capacidade de pagamento da dívida. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.