Sexta-feira, 28 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 27 de novembro de 2025
Um dia após o início da execução penal de Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que os chefes de Executivo estaduais de direita e centro-direita vão se reunir até março e, com apoio do ex-presidente, derrotar o petismo em 2026. “Não tenha dúvida, nós vamos tirar o Brasil do PT”, afirmou durante participação no evento UBS Wealth Management Latam Summit, na capital paulista.
Para Tarcísio, há um “grande respeito” pela liderança construída por Bolsonaro ao longo dos últimos anos e disse enxergar no ex-presidente um capital político que, segundo ele, precisa ser considerado. O governador avaliou que essa influência será relevante para “pacificar arestas” dentro do campo da direita e ajustar divergências internas. Para ele, não há dúvida de que Bolsonaro ainda exercerá um papel central nesse processo.
Bolsonaro começou a cumprir anteontem a pena de 27 anos de prisão e três meses pela liderança da trama golpista. Ele está detido em uma sala especial na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Tarcísio manifestou otimismo com o que chamou de “arranjo” visando à disputa presidencial do ano que vem.
“Esse arranjo é muito mais provável do que se imagina, vai ser muito mais forte do que se imagina e vai ser um arranjo vitorioso”, disse o governador. “Não tenham ansiedade (…) Não existe isso: ‘Ah, é dezembro’. Não, não é. Pode ser janeiro, pode ser fevereiro, pode ser março. E não tem problema, vai dar tempo.”
Família
Tarcísio afirmou manter diálogo frequente com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e outros membros da família, incluindo o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL). Segundo ele, suas experiências militares criaram vínculos que explicam o laço de amizade e gratidão que mantém com Jair Bolsonaro, algo que descreveu como “inquebrantável”.
O governador reiterou que, independentemente das dificuldades enfrentadas pelo ex-presidente, continuará oferecendo apoio e solidariedade e disse planejar uma visita para levar pessoalmente essa mensagem.
Tarcísio também voltou a questionar o tratamento dado a Bolsonaro, ponderando se é razoável impor restrições mais duras “a um ex-presidente de 70 anos que recebeu 60 milhões de votos”. Ele comparou a situação com a de outros investigados que obtiveram prisão domiciliar e indagou por que o mesmo benefício não poderia ser concedido ao ex-chefe do Executivo federal.
Juros
O governador paulista também lamentou as “oportunidades perdidas” diante do que considera um cenário de juros excessivamente altos, afirmando que ninguém poderia estar satisfeito com uma taxa de 15% ao ano. Para Tarcísio, o patamar atual é resultado direto de um “governo gastador”, que, ao elevar despesas, pressiona a necessidade de financiamento e empurra a taxa para cima. O governador avaliou que o País precisará de uma reforma orçamentária, com medidas como desvinculação de receitas, desindexação e redução de investimentos obrigatórios.
“Tem um pessoal que às vezes fica feliz e celebrando até, em alguns lugares: ‘Olha, fulano recuperou um pouco, tal, virou favorito’. Beleza. Se ganhar a eleição, como é que fica?”, continuou. “Vai ter um encontro com 2027. (…) Então, não adianta: você vai enfrentar o problema das contas logo ali na frente. E aí: vai ter pulso para fazer as reformas e se colocar contra a base ou vai deixar o Brasil quebrar e mergulhar numa recessão?”
Protagonismo
Tarcísio afirmou ainda que não precisa “necessariamente” ser o protagonista da direita contra o presidente Lula em 2026. Para ele, há uma “boa safra” de governadores que deve se unir até março para concorrer com o apoio de Bolsonaro.
Ele citou Ronaldo Caiado (União), de Goiás, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, como exemplos de gestores que, segundo ele, “fizeram o dever de casa” e recuperaram Estados antes fragilizados.
“Não preciso necessariamente ser um protagonista. Eu quero é ajudar, contribuir. Porque, se a gente não contribui, aí sim vai ter uma frustração”, disse Tarcísio. “A grande pergunta é: o que eu quero deixar para as gerações que vão vir? O que eu quero deixar para os meus filhos, para os meus netos? Eu não quero deixar esse País que está aí, esse País do PT.” (Com informações de O Estado de S. Paulo)