Sábado, 19 de julho de 2025

Tarcísio faz aceno a Bolsonaro, liga para ex-presidente e cancela agenda fora de São Paulo após ação da Polícia Federal

Na mira de parte do bolsonarismo na última semana, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) fez nesta sexta-feira, 18, uma série de gestos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) e teve o uso de tornozeleira eletrônica determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o Estadão apurou, Tarcísio ligou para o ex-presidente para prestar solidariedade ao aliado e cancelou uma viagem a Cuiabá (MT) para participar de um encontro com empresários ao lado do governador do Mato Grosso, Mauro Mendes. (União Brasil).
A Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) e o Grupo Empreendedores do Brasil, organizadores do evento, disseram que o encontro foi cancelado “em razão de um imprevisto na agenda” de Tarcísio, que participaria como palestrante.

O evento era o único compromisso público do governador paulista nesta sexta-feira e constava na agenda dele até por volta das 15h, quando foi retirado. Procurado, o governo de São Paulo não havia se manifestado sobre o cancelamento até a publicação deste texto.

Tarcísio tem sido cauteloso nos últimos meses e evitado agendas fora de São Paulo. Ele receia que qualquer viagem a outro Estado seja interpretada como uma movimentação para viabilizar sua candidatura presidencial e irrite Bolsonaro e seus aliados.

Em abril, o governador havia aceitado convite de Mauro Mendes para participar, ao lado de Bolsonaro, de um evento do agronegócio na cidade de Sinop (MT). O ex-presidente desistiu de participar e o governador também cancelou a ida.

Outro exemplo ocorreu no Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud). Os governadores dessas regiões se reuniriam no início de junho no Paraná. O encontro acabou cancelado, mas Tarcísio já havia sinalizado que enviaria o vice-governador, Felício Ramuth (PSD), como representante de São Paulo.

Após a busca e apreensão contra Bolsonaro, Tarcísio saiu em defesa do ex-presidente. Sem citar diretamente o Supremo ou o ministro Alexandre de Moraes, o governador afirmou nas redes sociais que não haverá paz sem “eleições livres, justas e competitivas” e disse que “o tempo trará a justiça”. “A sucessão de erros que estamos vendo acontecer afasta o Brasil do seu caminho”, escreveu.

A declaração agradou ao núcleo bolsonarista, que na última semana criticou Tarcísio por defender uma saída diplomática para o tarifaço, em vez da anistia aos envolvidos nos ataques do 8 de janeiro. Para bolsonaristas ouvidos pelo Estadão, embora não cite nominalmente Moraes ou o STF, Tarcísio endossou o discurso do ex-presidente ao pedir “eleições livres”.

Aliados do governador são praticamente unânimes na avaliação de que a reação de Tarcísio à tarifa imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desgastou a imagem do chefe do Executivo paulista. A reação inicial de Tarcísio, de culpar o governo Lula pela medida de Trump sem criticar expressamente a tarifa, acendeu o alerta entre empresários da indústria e do agronegócio, setores que apoiam o voo presidencial do governador.

Diante das críticas, Tarcísio recalculou a rota e ajustou seu discurso, focado agora nos impactos negativos do tarifaço para a economia paulista. O governador realizou uma reunião de empresários com o encarregado de negócios da Embaixada americana, Gabriel Escobar, na tentativa de amenizar a situação.

O movimento, contudo, acabou irritando a ala mais radical do bolsonarismo, liderada por Eduardo Bolsonaro (PL). Ele criticou reiteradamente Tarcísio pelo governador ter optado pela negociação em vez de pressionar o STF e o Congresso Nacional a aprovar uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, que beneficiaria Bolsonaro, os demais réus na trama golpista e os condenados pelo 8 de Janeiro.

Bolsonaro precisou intervir e mediar uma conversa entre o filho e o governador para estancar a briga. Um deputado bolsonarista disse ao Estadão que o fato do ex-presidente ter atuado para conter os ataques a Tarcísio, somado à declaração de que a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL), será candidata a senadora pelo Distrito Federal, são sinais de que Bolsonaro caminha para apoiar Tarcísio como seu sucessor.

Questionado sobre quem seria seu candidato em entrevista à rádio Bandnews nesta sexta-feira, Bolsonaro respondeu. “Por enquanto eu sou candidato. Estou inelegível por quê? Qual crime eu cometi?”, questionou. As informações são do portal Estadão.

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