Quinta-feira, 17 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de julho de 2025
Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) alerta sobre os efeitos negativos que as tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem provocar na economia brasileira. A estimativa é que o tarifaço americano provoque uma perda de R$ 19,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, redução de R$ 52 bilhões nas exportações e eliminação de 110 mil empregos, especialmente nos setores industriais e agropecuários.
Mas o principal prejudicado com as tarifas não é o Brasil. Segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), encomendado pela CNI, os próprios norte-americanos devem sofrer o maior impacto da política adotada pela Casa Branca.
O PIB americano pode cair 0,37%, mais que o dobro do impacto previsto para o Brasil, com retração estimada de 0,16%. No cenário global, o PIB mundial cairia 0,12% e o comércio internacional recuaria 2,1%, o equivalente a US$ 483 bilhões.
“Os números mostram que esta política é um perde-perde para todos, mas principalmente para os americanos. A indústria brasileira tem nos EUA seu principal mercado, por isso a situação é tão preocupante”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
O impacto das tarifas será sentido principalmente por setores industriais com forte presença no mercado norte-americano. Equipamentos de transporte, como aviões e embarcações, por exemplo, têm 22,1% de seu faturamento atrelado às exportações aos EUA. Em seguida, aparecem madeira (17%), metalurgia (10,1%) e máquinas e equipamentos (4,8%).
Entre os produtos, os mais atingidos vêm a ser tratores e máquinas agrícolas, cuja exportação pode cair 23,6%, o que deve se refletir em uma redução de 1,86% na produção. Também devem sofrer perdas significativas as exportações de aeronaves, com retração de 22,3% e queda de 9,2% na produção, e carnes e aves, com redução de 11,3% nas vendas externas e de 4,2% na produção.
As perdas econômicas não estarão distribuídas de forma uniforme entre os Estados. São Paulo, por exemplo, pode ter um prejuízo de R$ 4,4 bilhões no PIB. Em seguida vêm Rio Grande do Sul (R$ 1,9 bilhão), Paraná (R$ 1,9 bilhão), Santa Catarina (R$ 1,74 bilhão) e Minas Gerais (R$ 1,66 bilhão).
A CNI ressaltou que as economias brasileira e americana são complementares, com forte integração das cadeias produtivas. Em 2024, 78,2% das exportações da indústria de transformação brasileira tiveram os EUA como destino, o que reforça a importância da parceria. Produtos como aviões, petróleo, café, aço, papel e químicos estão entre os principais itens exportados para o país. Nos últimos dez anos, os EUA acumularam um superávit de US$ 43 bilhões na balança comercial de bens com o Brasil, além de US$ 165 bilhões no setor de serviços.
(Com informações do jornal O Globo)