Sábado, 09 de agosto de 2025

Tarifaço contra o Brasil é “mais latido do que mordida”, diz revista The Economist

A revista britânica The Economist afirmou na sexta-feira (8) que as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil representam mais uma ameaça política do que um impacto econômico imediato. Segundo a publicação, “o gigante latino-americano pode ter evitado o pior — por enquanto”.

A medida, iniciada em 6 de agosto, estabeleceu uma tarifa de 50% sobre determinados produtos brasileiros. Para a revista, a ação é motivada por questões políticas e não econômicas, em especial pela situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por suposta tentativa de golpe.

O Brasil não foi o único alvo de sanções associadas a interesses políticos. A Índia, por exemplo, enfrenta tarifa semelhante por importar petróleo da Rússia. Já o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, foi alertado por Trump de que reconhecer um Estado palestino poderia tornar as negociações comerciais “muito difíceis”. No caso brasileiro, avalia a publicação, há sinais claros do uso do comércio como instrumento para influenciar assuntos internos.

Apesar do tom duro, The Economist observou que cerca de 700 produtos foram isentados da tarifa, entre eles aviões, petróleo, celulose e suco de laranja. Entretanto, itens como café, carne e frutas ficaram de fora das exceções e permanecerão sujeitos à alíquota máxima.

A revista avaliou que, mesmo sem considerar as isenções, o impacto econômico para o Brasil tende a ser moderado. O país exporta pouco em relação ao tamanho de sua economia, além de ter reduzido a dependência do mercado norte-americano ao longo dos últimos anos.

De acordo com os dados citados, apenas 13% das exportações brasileiras têm como destino os Estados Unidos, ante 25% há duas décadas. Em contrapartida, a participação da China aumentou quase seis vezes no período, alcançando 28% das vendas externas.

A publicação também destacou a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que o Brasil não será “tutelado” nem humilhado por um “imperador”. Apesar do discurso firme, Lula adotou uma estratégia diplomática, buscando apoio de empresas brasileiras e parceiras nos EUA para pressionar o governo norte-americano. O movimento teria contribuído para a concessão das isenções.

Segundo a revista, os danos econômicos decorrentes das tarifas devem ser limitados. A recomendação implícita é que Lula aproveite politicamente os ataques de Trump, sem transformar o episódio em um conflito comercial de maiores proporções.

O maior risco, no entanto, pode estar nas decisões do governo brasileiro nos próximos dias. Lula afirmou, na última quarta-feira (6), que pretende consultar outros integrantes do Brics — grupo que reúne 11 economias emergentes, incluindo Índia e China — sobre formas de reagir às medidas impostas por Washington.

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