Sexta-feira, 15 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 15 de agosto de 2025
Depois do café, o tarifaço do presidente americano Donald Trump pode inviabilizar as exportações para os Estados Unidos de outro produto nacional reconhecido mundialmente: o biquíni brasileiro, que remete à bossa das praias do Rio de Janeiro.
Os Estados Unidos respondem por 40% das exportações brasileiras de moda praia. Maiôs e biquínis são isoladamente o principal item das exportações brasileiras de vestuário para o mercado norte-americano.
No ano passado, as vendas desses itens somaram US$ 4 milhões, 18% do total dos segmento de vestuário, segundo dados Comex Stat, compilados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
Antes do início do imbróglio tarifário, a taxação sobre biquínis e maiôs já não era pequena. O produto exportado para os Estados Unidos era tributado em 24,9%. Na fase intermediária do tarifaço, o governo americano adicionou 10 pontos porcentuais, e a taxa subiu para 34,9%. Mas, a partir de 6 de agosto, com o adicional de 40 pontos porcentuais, a taxação da moda praia atingiu 74,9%.
“O impacto da taxação para setor, principalmente da moda praia, é obviamente muito grave, quase inviabiliza as exportações”, afirma o diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel. No primeiro semestre, as exportações cresceram 14%.
Segundo Pimentel, o Brasil vinha ocupando alguns espaços abertos por conta das insatisfação dos Estados Unidos com outros países, com destaque para os asiáticos. O principal fornecedor de moda praia para os EUA é a China, com vendas de US$ 28 bilhões, num total de US$ 114 bilhões importados. O Brasil está mais próximo do México, que exportou para o país vizinho US$ 5,9 bilhões.
O tarifaço provoca um estrago, sobretudo nas exportações de biquínis de inúmeras pequenas e médias confecções. Para Galileia Indústria e Comércio de Roupas, dona da marca Mar Egeu, por exemplo, 80% das exportações de biquínis são para os Estados Unidos.
Nicolas Katsorchis, proprietário da confecção, conta que embarcou os produtos para os EUA até 6 de agosto, antes da entrada das novas tarifas. Por enquanto, novos embarques estão suspensos.
O empresário diz que os pedidos colocados pelos americanos não foram cancelados. No momento, há 3 mil peças na linha de produção. “Ainda estou produzindo e acreditando que vai dar certo”, na expectativa de que a tarifa será reduzida. “Todo mundo está em compasso de espera, angustiado”, acrescenta.
A empresa tem uma oficina de modelagem no Brás, bairro da zona Leste de São Paulo, com oito profissionais, e terceiriza a produção para 10 pequenas confecções, onde trabalham cerca de 40 pessoas.
Faz 15 anos que a companhia exporta 60 mil peças por ano para os Estados Unidos, tanto com a marca do comprador quanto com a sua marca. A confecção produz biquínis para marcas do Havaí, Miami, e Costa Leste dos EUA. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)