Segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 9 de agosto de 2025
Desde o anúncio feito dia 9 de julho pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar os produtos brasileiros em 50%, governadores de direita cotados a receber a “bênção” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2026 tentam buscar um equilíbrio entre não desagradar o eleitor bolsonarista e, ao mesmo tempo, amparar o empresariado local que já começou a sentir os prejuízos econômicos.
Logo após o anúncio, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União), se manifestaram culpando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), possível principal adversário no pleito do próximo ano, pelas tarifas.
Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, foi o único que não se manifestou no dia, mas publicou um vídeo, em que se coloca como opção não polarizada, dizendo que “não perde tempo brigando com ninguém” e que “empresário quer tranquilidade e paz”. O governador, entretanto, não mencionou a ameaça tarifária, que é explicitamente vinculada por Trump à ação penal que Bolsonaro responde na Justiça por tentativa de golpe de Estado.
De lá para cá, até a implementação da tarifa nesta quarta-feira, 6, os chefes dos Executivos estaduais adotaram tons mais contidos, sobretudo em diálogos com os próprios setores industriais e o empresariado regional, anunciando planos para conter futuros prejuízos. A postura estadista, no entanto, entrou em rota de colisão com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que articula ações dos Estados Unidos contra autoridades brasileiras em defesa do pai.
Cientistas políticos apontam que as principais dificuldades em adotar ação consistente para reagir às medidas são as incertezas dos efeitos dessa disputa para a economia brasileira e especialmente ao modo como o eleitorado perceberá esse embate, já que a escalada da intervenção americana ainda promete muitos desdobramentos.
A ausência dos quatro no ato na Avenida Paulista no domingo, 3, é sinal dessa preocupação e foi percebida pelos aliados de Bolsonaro. O pastor Silas Malafaia, organizador da manifestação bolsonarista, deu um recado direto a eles, questionando se estão com medo do Supremo Tribunal Federal (STF). As pautas do protesto giraram em torno de ataques ao ministro Alexandre de Moraes e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e odes a Trump.
Entre os integrantes do quarteto, Tarcísio passou os primeiros três dias dando sinais opostos até encontrar um norte para seguir. Comandando o Estado mais rico do País e mais afetado com as tarifas, o governador disse logo após o anúncio que Lula colocou “ideologia acima da economia” e colhia agora o resultado, não adiantando “se esconder atrás de Bolsonaro”. Antes, já havia compartilhado nota de Trump que afirma que Bolsonaro deve ser julgado pelo povo brasileiro, durante as eleições, e não pela Justiça.
Foi criticado tanto pela oposição, que relembrou da foto dele com o boné da campanha de Trump, quanto pelos bolsonaristas ferrenhos, liderados por Eduardo. O deputado passou a acusá-lo de buscar saída sem passar pela anistia de Bolsonaro, após o governador se reunir com o encarregado de negócios da Embaixada americana na tentativa de abrir diálogo. O próprio ex-presidente, pivô da crise entre os dois países, precisou interferir: elogiou Tarcísio e disse que o filho “não é tão maduro”.
Se nas primeiras horas após Trump prometer as tarifas Tarcísio defendeu Bolsonaro, três dias depois o governador afirmou que a priorização da anistia é uma questão de “ponto de vista” e que, como chefe do Executivo paulista, precisa defender os interesses das empresas do Estado.
Engrenado no discurso, no dia 25, o governador mencionou os impactos negativos para a economia paulista, ressaltou medidas para ajudar os exportadores em São Paulo e pregou que nada pode estar acima do interesse nacional. “Infelizmente, hoje se busca tirar proveito político de tudo e dividir o País”, disse. Como mostrou o Estadão, Tarcísio sumiu de agendas públicas na semana passada, justamente quando a crise se acirrou.
Já Zema, mesmo apontando Lula como culpado pelas tarifas, não deixou de lado a tese de que Bolsonaro é um perseguido político. No dia seguinte ao anúncio de Trump, o governador publicou um vídeo reafirmando o apoio a Bolsonaro, mas criticando as tarifas, dizendo que “erros e injustiças não devem ser consertados com mais erros e mais injustiças”. Com informações do portal Estadão.