Quarta-feira, 12 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 12 de novembro de 2025
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, conversou nesta quarta-feira (12) com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, e disse que o governo Lula encaminhou no início de novembro uma proposta negociadora aos americanos.
Rubio foi designado pelo presidente Donald Trump o principal negociador dos EUA para o tarifaço aplicado contra o Brasil, que afetou uma gama de produtos com uma sobretaxa de até 50%.
De acordo com membros do Itamaraty que acompanham o tema, Vieira e Rubio se encontraram à margem de uma reunião do G7 em Niagara-on-the-lake, no Canadá. Vieira disse a Rubio que o Brasil encaminhou, em 4 de novembro, uma proposta de negociação ao governo americano. Rubio e Vieira também concordaram em agendar uma nova reunião em breve.
Lula e Trump tiveram em outubro uma reunião presencial em Kuala Lumpur (Malásia), durante uma reunião da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático).
O encontro ocorreu semanas após os dois líderes terem conversado por telefone e na esteira da “química” na abertura da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Na Malásia, Trump disse que as tarifas impostas ao Brasil poderiam ser negociadas muito rapidamente.
O objetivo do governo brasileiro é que haja uma suspensão das sobretaxas durante o período de negociação. Desde que Rubio foi escalado como o principal negociador para o tarifaço contra o Brasil, Vieira realizou três reuniões com o secretário de Estado. A primeira delas ocorreu dias depois do telefonema entre Trump e Lula. Na ocasião, Vieira afirmou que aquele era um “início auspicioso de processo negociador” com os Estados Unidos.
Ao longo das últimas semanas, negociadores brasileiros mantiveram conversas informais com responsáveis por questões comerciais dos EUA, em que os americanos apontaram as suas prioridades nas negociações: conseguir acesso ao mercado de etanol no Brasil e discutir a regulamentação de big techs, incluindo moderação de conteúdo.
Os americanos afirmaram que a regulação das plataformas digitais está ligada a questões de liberdade de expressão. Já o etanol é uma queixa antiga dos americanos. A reclamação é que o etanol americano, feito de milho, enfrenta uma sobretaxa de 18% para entrar no Brasil, enquanto a barreira nos EUA era de apenas 2,5%.
Já o lado brasileiro aponta que Washington nunca aceitou vincular discussões sobre o etanol a uma liberalização do mercado de açúcar nos EUA, altamente protegido.
Na terça (11), Trump disse que vai reduzir “algumas tarifas” sobre o café, um dos principais produtos exportados pelo Brasil e que está sobretaxado. A declaração foi dada em entrevista ao programa The Ingraham Angle da Fox News.