Sexta-feira, 20 de junho de 2025

Tem uma relação tóxica com o celular? Saiba como recriar uma rotina feliz longe dele

Alguns dizem que ele já é uma extensão do nosso corpo. Outros dependem dele para tudo: do despertador ao GPS; do alarme para beber água na quantidade certa à notificação do aniversário do amigo. A verdade é que quase todo mundo guarda a vida no celular. Desde a criação dos primeiros smartphones, décadas atrás, desenvolvemos uma relação desequilibrada com os aparelhos, investindo neles tempo e energia em demasia. Uma pesquisa da plataforma Data.AI, feita ano passado, descobriu que o brasileiro gasta, em média, cinco horas imerso nos gadgets, alçando o país ao quinto lugar em um ranking mundial. Estratégias para priorizar o mundo offline não faltam. Mas qual é o pulo do gato para não ter uma relação tóxica com o celular, já que viver sem ele é praticamente impossível?

“Uma vez que o cérebro está condicionado a um estímulo, é preciso reprogramá-lo. É difícil mesmo. Eu consegui praticando a atenção plena, ou mindfulness”, conta a psicoterapeuta baiana Bel Soares, de 46 anos. Seu corpo dava sinais de que algo não ia bem: irritabilidade, falta de concentração e dispersão eram constantes. No mindfulness, a atenção é direcionada para o presente, observando pensamentos e sentimentos, com técnicas de respiração. “Você tem consciência até do exato momento em que a vontade de pegar o celular acontece. Retirei todas as notificações, sou mais criteriosa com o que sigo nas redes e limitei o tempo de uso”, explica Bel. Ela também atua como terapeuta de mulheres e casais, e aplica as estratégias em seus atendimentos.

O uso excessivo de telas, diz o neurologista e professor da Unifesp Marcelo Masruha, interfere na cognição e na memória de formas profundas, ainda que sutis. Um dos principais mecanismos é a sobrecarga cognitiva: o cérebro passa a ser bombardeado por estímulos (notificações, múltiplas abas abertas, rolagem infinita) e isso compromete o foco. “A atenção é a porta de entrada da memória. Se estamos constantemente distraídos, dificilmente codificamos de forma adequada as experiências e os conteúdos aos quais somos expostos. Isso afeta diretamente a memória de curto e longo prazo”, afirma o especialista. Também prejudica a aprendizagem profunda, que exige tempo, silêncio e reflexão. “ Algo raro no ambiente digital”, complementa Marcelo.

Para o psiquiatra Marcel Fúlvio Padula Lamas, do Hospital Albert Sabin, é difícil competir com a dopamina ofertada pelo celular. “Ela é mais prazerosa do que uma conversa em família, porque existe uma monotonia no trivial. As telas são mais vívidas, nítidas e acabam com o tédio. Mas isso extrapolou limites”. E o tédio, explica, provoca a criatividade, aumentando a tolerância ao lidar com o que é abstrato. “Sem o celular, você pensa melhor, tem mais paciência”. Caso acredite que a sua relação com o aparelho esteja dando sinais de desrespeito, Marcel pontua que vale o escrito: “Impor limites e horários, desconectando-se regularmente e buscar atividades alternativas off tecnologia como leitura, esportes e hobbies”. A vida real agradece.

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