Sábado, 11 de maio de 2024

“Temos medo de ser deportados por protestar na universidade contra guerra em Gaza”, dizem estudantes nos Estados Unidos

Protestos, prisões, confrontos com a polícia, aulas e formaturas suspensas. A onda de protestos contra a guerra em Gaza se espalha pelos campi universitários americanos.

Mas Alejandra e Mario, estudantes da Universidade de Columbia, em Nova York, e ativistas a favor da causa palestina, decidiram abandonar as manifestações.

Eles têm medo de que o seu maior sonho, o de estudar em uma das melhores universidades do mundo, desapareça porque estão em uma das manifestações.

Alejandra e Mario nasceram no México, mas viveram quase toda a vida nos EUA. Atravessaram a fronteira quando eram crianças e desde então não podem sair do país: são indocumentados, mas podem levar uma vida quase normal nos Estados Unidos.

Ambos vêm de famílias de baixa renda, com mães solteiras que realmente lutaram para sobreviver.

Mas isso não impediu que estudassem na Columbia, graças às bolsas que pagam não só a mensalidade de US$ 90 mil por ano, mas também o custo de vida lá. E não exigem documentação que comprove sua situação imigratória no país. Alejandra, de 21 anos, estuda Religião e Ciência Política. Mario, de 22 anos, estuda Astrofísica.

Mas isso poderia mudar se a polícia os prender por participarem dos protestos.

Após a incursão do Hamas em território israelense em 7 de outubro e a subsequente guerra em Gaza, estes dois amigos se juntaram aos protestos e participaram do acampamento que se formou no campus de sua faculdade para condenar a resposta de Israel, que consideram desproporcional.

“É muito perigoso, temos até medo de estar perto do acampamento, embora queiramos apoiá-los. É até perigoso levar comida, cobertores, carregador para o telefone, o que quer que seja, para eles”, diz Alejandra.

Represálias

“A culpa não é de quem protesta, não está fazendo nada, mas é a administração universitária que nos assusta tanto”, afirma.

Mário conta que os alunos suspensos de uma das faculdades foram expulsos das residências universitárias e tiveram apenas 15 minutos para pegarem suas coisas. A informação foi noticiada no dia 23 pelo jornal estudantil Columbia Spectator.

“Se eles me suspenderem, eu não teria para onde ir e não conseguiria um emprego para pagar as contas. E se eles não me deixassem voltar para Columbia, seria muito difícil encontrar outra escola onde eu pudesse terminar minha graduação e que me pagasse bem como me pagam agora”, diz Alejandra.

A Casa Branca disse na quarta-feira (24) que o presidente dos EUA, Joe Biden, apoia a liberdade de expressão nos campi, mas esses estudantes acreditam que tal coisa não existe hoje em Columbia.

“Não podemos expressar nossas ideias, nossas opiniões, nosso apoio a outros estudantes. Se nem os alunos que possuem documentação conseguem fazer isso, muito menos nós”, afirma Alejandra.

Ambos estão decepcionados porque acreditam que sua universidade traiu alguns dos valores que os fizeram escolher cursar o ensino superior na Columbia.

Grupos ativistas expressaram acreditar que a Universidade de Columbia tem investimentos em empresas com interesses em Israel e por isso tentaram desencorajar as manifestações.

A universidade alega, no entanto, que os manifestantes contrariaram as regras da instituição e que, após várias tentativas de desmobilização, chamaram a polícia.

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