Terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Tensão na América Latina: Pequenos países do Caribe apoiam cerco de Trump contra a Venezuela

Enquanto os Estados Unidos ameaçam atacar a Venezuela, alguns aliados caribenhos temem que a maior mobilização militar americana na região em décadas coloque em risco seu status de “zona de paz”. Outros, porém, estão oferecendo apoio.

Na mais recente escalada, o presidente Donald Trump ordenou um “bloqueio total e completo” de todos os petroleiros sujeitos a sanções que entrem ou saiam da Venezuela, e classificou a ditadura de Nicolás Maduro como uma organização terrorista estrangeira.

Os Estados Unidos vêm acumulando forças e recursos militares na região desde agosto. Pelo menos 95 pessoas foram mortas em ataques a embarcações no Mar do Caribe e no leste do Oceano Pacífico que, segundo os EUA, transportavam “narcoterroristas” e drogas para o país. O governo Trump não apresentou provas para sustentar essas alegações, e alguns especialistas afirmam que os ataques violam leis americanas e internacionais.

Autoridades do Caribe, que dependem de parcerias de segurança com os EUA para combater o tráfico de armas e drogas, expressaram preocupação de que os ataques possam prejudicar suas economias e o turismo, embora admitam nos bastidores que pouco podem fazer para impedi-los. Um longo histórico de intervencionismo dos EUA, que vai desde invasões militares até a derrubada secreta de governos, paira sobre a região.

O presidente da Colômbia acusou os EUA de matar um pescador inocente. Maduro mobilizou tropas e convocou os cidadãos a se juntarem a milícias de autodefesa. Os venezuelanos comuns estão apreensivos e incertos sobre o que pode acontecer a seguir.

Contudo, alguns países estão apoiando os Estados Unidos ou cogitando fazê-lo. Entenda como.

Trinidad e Tobago

Nenhum líder caribenho tem apoiado mais a campanha militar do governo Trump do que a primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar. Seu país, cujo ponto mais próximo fica a apenas 11 km da costa da Venezuela, está hospedando fuzileiros navais dos EUA, permitiu a instalação de um sistema de radar em um de seus aeroportos e participou de exercícios militares conjuntos com forças americanas.

Trinidad, que possui uma das taxas de homicídios mais altas do mundo, está em estado de emergência desde o ano passado, e as autoridades locais consideram os ataques necessários para estancar o fluxo de armas e drogas vindo da Venezuela. A maioria das armas de fogo ilegais traficadas para Trinidad provém dos EUA, informou o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) no ano passado.

República Dominicana

O presidente dominicano Luis Abinader autorizou as Forças Armadas dos EUA a operarem em áreas restritas na Base Aérea de San Isidro e no Aeroporto Internacional Las Américas em sua luta contra os traficantes de drogas venezuelanos. Aeronaves militares dos EUA podem reabastecer e transportar equipamentos e pessoal técnico, disse ele em uma coletiva de imprensa conjunta com o secretário de Defesa, Pete Hegseth.

Abinader disse que a República Dominicana compartilha um “vínculo especial” com os EUA, seu parceiro estratégico mais importante, o que inclui a cooperação no combate ao tráfico de drogas.

Ele descreveu o acordo como uma expansão temporária da cooperação “para reforçar a vigilância aérea e marítima contra o tráfico de drogas”. O escopo será “técnico, limitado e temporário”, disse, visando impedir a entrada de narcóticos e combater com mais rigor o crime organizado transnacional.

Porto Rico

Porto Rico é um território dos EUA, não uma nação independente. Foi usado durante toda a Guerra Fria para apoiar ações militares dos EUA na América Central e do Sul.

A Estação Naval Roosevelt Roads, no extremo leste da ilha principal, que já foi uma das maiores instalações navais do mundo, está voltando à ativa. Nas últimas semanas, equipes limparam as pistas de taxiamento, e caças e aviões de transporte pousaram no local. Novas aeronaves também foram avistadas no Aeroporto Henry E. Rohlsen, em St. Croix, nas Ilhas Virgens Americanas.

Granada

Washington abordou Granada para solicitar a instalação temporária de equipamentos de radar e pessoal técnico associado em um aeroporto internacional, informou o governo em outubro, acrescentando que estava “avaliando e analisando cuidadosamente as solicitações em consultas técnicas”.

“Eu entendo que, devido à história do Aeroporto Internacional Maurice Bishop, porque outubro em particular está ligado à história… essa é uma questão altamente sensível”, disse o primeiro-ministro Dickon Mitchell em seu programa de rádio “DMs With PM”.

 

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