Terça-feira, 14 de outubro de 2025

Teoria vencedora do prêmio Nobel de Economia deve levantar discussões sobre regulamento das redes sociais e tarifaço, diz economista

A teoria vencedora do Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 2025 veio em um bom momento, segundo o economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Aloisio Araujo. Para ele, a explicação de que o crescimento econômico mundial é impulsionado pela inovação levanta discussões que vão desde a regulamentação das redes sociais, até os impactos da inteligência artificial nos empregos, além das tensões no comércio exterior com as tarifas impostas pelo presidente dos EUA Donald Trump, que podem minar o desenvolvimento.

No Brasil, o professor chama a atenção para a necessidade de voltar mais recursos para a inovação e a pesquisa, mirando o crescimento econômico.

A Real Academia Sueca de Ciências anunciou nesta segunda-feira os vencedores do Prêmio Sveriges Riksbank de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel de 2025. Os pesquisadores Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt foram premiados “por terem explicado o crescimento econômico impulsionado pela inovação”, segundo o comitê.

Na visão do professor da FGV, a teoria premiada foi merecedora do Nobel, já que nomeia e expõe a criação destrutiva, um fenômeno importante para entender a economia mundial atual.

“A partir das pesquisas, os empresários criam produtos novos, ou métodos novos, que tornam os antigos obsoletos. Então destrói uma indústria que tinha anteriormente e substitui por uma coisa melhor que a anterior, que é mais produtiva, mais moderna, ou então um produto que não tinha anteriormente. E isso daí pode causar várias consequências, é uma criação, mas é destrutivo, que destrói alguma coisa que tinha antes”, diz o Araujo, explicando a teoria.

Segundo ele, esse é um processo que sempre existiu na história da humanidade, mas que foi muito acelerado nos últimos dois séculos, sobretudo após a Revolução Industrial, impulsionando um crescimento econômico global bem mais acelerado. E, na medida em que entendemos esse processo e suas consequências, diz o professor, reconhecemos a importância de debater sobre e criar regulações.

“Vão haver perdedores, trabalhadores que vão precisar ser realocados, vão perder empregos. E também essas novidades das empresas de tecnologia tem que ser reguladas. Porque é uma coisa que não tinha antes e não tinha regulação, então temos que considerar o novo ambiente que a inteligência artificial e que as redes sociais introduziram. Por isso eu acho que (o prêmio) foi muito merecido, porque na medida que a gente entende esse processo, a gente leva isso em conta.”

A pesquisa também é importante para entender porque os EUA e a China vem saindo na frente, enquanto países europeus e latino-americanos vem ficando para trás, e ajuda a explicar um dos fatores que impede um maior crescimento econômico no Brasil. Araujo explica que não há um grande investimento em inovação e pesquisa científica no país, salvo em alguns casos, como a área do agronegócio.

“Essa pesquisa demostra que a inovação se transforma em crescimento econômico, e isso precisa ser mais aproveitado no Brasil. Nós sempre tivemos muito poucos recursos para a pesquisa aqui. Infelizmente, nunca foi suficiente, mas deu bons frutos, então seria bom ter mais.”

O professor também destaca que a pesquisa veio em bom momento, diante de tensões globais acirradas com o tarifaço imposto pelo presidente dos EUA Donald Trump.

“Essas tarifas são ruins porque as pessoas vão fazer menos pesquisa, o que pode prejudicar o crescimento econômico de países de todo o mundo. O comércio exterior permitiu que a inovação começasse a ser passada de um país pro outro, as ideias se divulgam através de produtos, da compra de patentes. E as tarifas prejudicam isso, além de menos recursos para a pesquisa, que é o que está ocorrendo nos Estados Unidos.” (Com informações do jornal O Globo)

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