Quinta-feira, 25 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 24 de setembro de 2025
O planeta já rompeu sete dos seus nove limites planetários – indicadores científicos que medem se a Terra ainda opera em condições seguras para sustentar a vida. E a novidade no levantamento de 2025 é que a acidificação dos oceanos, que no ano passado estava “no limite”, agora entrou na lista dos processos que já ultrapassaram a fronteira de segurança.
Em 2024, seis processos estavam confirmadamente em situação crítica e a acidificação aparecia como próxima de ser ultrapassada.
A constatação é de um novo estudo, feito por pesquisadores do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK), que analisaram os processos essenciais para a manutenção do equilíbrio ambiental na Terra. Ou seja, se não controlarmos o aumento global da temperatura, eventos como o colapso de ecossistemas e desastres climáticos extremos se tornarão cada vez mais frequentes.
No estudo, foram identificados sete processos que já ultrapassaram níveis considerados seguros relacionados aos seguintes tópicos:
– Mudanças no uso da terra do planeta: tem a ver com o desmatamento e a conversão de ecossistemas naturais em áreas agrícolas ou urbanas, que estão destruindo habitats e afetando a regulação climática. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS.
– Mudanças climáticas: algo diretamente ligado ao aumento da temperatura devido à poluição por gases do efeito estufa, que têm consequências graves para o planeta. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS e atingiram uma zona de ALTO risco.
– Biodiversidade: tem relação com a extinção de várias espécies, causada pela degradação dos habitats naturais e pela exploração excessiva dos recursos. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS e atingiram uma zona de ALTO risco.
– Ciclo do nitrogênio e fósforo: está relacionado ao uso excessivo de fertilizantes, que prejudica a qualidade da água e afeta os ecossistemas aquáticos. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS e atingiram uma zona de ALTO risco.
– Uso de água doce: tem a ver com a demanda crescente por água em várias regiões, que está se aproximando de níveis críticos. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS.
– Poluição química por compostos como microplásticos: diz respeito ao acúmulo de produtos químicos tóxicos no ambiente, que representa uma ameaça crescente à saúde humana e à biodiversidade. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS.
– Acidificação dos oceanos: tem a ver com o aumento de CO₂ na atmosfera, que torna os oceanos mais ácidos, prejudicando a vida marinha e os recifes de corais. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS. 🟠
Já os dois processos que ainda NÃO estão próximos de serem ultrapassados são os seguintes:
– Aerossóis na atmosfera: ou seja, o aumento de partículas suspensas no ar (como fuligem e poeira), que vem alterando os padrões climáticos regionais e afetando a saúde humana.
– Camada de ozônio: a degradação dessa região da estratosfera já estava em andamento, mas ações internacionais ajudaram a protegê-la.
Esses limites planetários foram propostos em 2009 por Johan Rockström, que é o diretor do PIK. Desde então, pesquisadores têm trabalhado para identificar e quantificar esses processos, numa forma de chamar atenção para a emergência climática. Em 2024, os oceanos ainda estavam tecnicamente dentro da zona segura, embora muito próximos do limite.
Agora, com a queda confirmada do pH e danos já visíveis em espécies marinhas — como os pterópodes, pequenos caracóis do mar que servem de base para cadeias alimentares —, o estudo aponta que o limite foi oficialmente transgredido.
Isso significa que recifes de corais, moluscos e ecossistemas inteiros já enfrentam condições que dificultam sua sobrevivência. Para cientistas, esse é um ponto crítico, porque o oceano atua como regulador climático global e fornecedor de oxigênio para a atmosfera.
“O oceano está se tornando mais ácido, os níveis de oxigênio estão caindo e as ondas de calor marinhas estão aumentando. Isso pressiona um sistema vital para estabilizar o planeta”, afirmou Levke Caesar, co-líder do laboratório de limites planetários do PIK