Sábado, 12 de julho de 2025

Trump pela culatra: tarifaço dos Estados Unidos já ajudou a turbinar popularidade de líderes de países “rivais”; veja lista

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem recorrido ao aumento da tarifa contra países estrangeiros como estratégia de pressão. Em muitos casos, as medidas resultam em um efeito colateral: o aumento da popularidade dos governos que são alvo das taxas.

Trump anunciou tarifas de 50% contra produtos brasileiros em uma carta publicada na quarta-feira (9). Segundo ele, as taxas entrarão em vigor no dia 1º de agosto. O presidente americano usa como argumento uma premissa equivocada, de que os EUA têm déficit na balança comercial em relação ao Brasil — na verdade, o país tem superávits seguidos com o Brasil desde 2009.

Houve um fato inédito na carta ao Brasil: diferentemente das tarifas aplicadas a outros países, em que o foco era a economia, Trump usou a medida citando motivos políticos e saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo Trump, Bolsonaro é alvo de uma “caça às bruxas” pela Justiça do Brasil. O ex-presidente responde a uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022.
A imprensa internacional interpretou o gesto de Trump como um ataque motivado por questões pessoais, já que Bolsonaro é seu aliado.

Ameaça x realidade

Desde o início do mandato, Trump tem usado tarifas como instrumento de pressão, inclusive contra aliados. Ele diz que os EUA foram prejudicados por muito tempo e que é preciso corrigir esse desequilíbrio. Por outro lado, muitas das taxas anunciadas não entraram em vigor.

Em abril, Trump anunciou tarifas recíprocas contra dezenas de países, mas depois adiou a cobrança de grande parte delas.

Canadá e México também foram ameaçados com tarifas de 25% sobre todos os produtos exportados aos EUA, mas a medida acabou restrita a alguns itens.

No caso dos produtos europeus, o governo anunciou tarifas de 25%, mas também postergou a cobrança para negociações.

Na quarta, Trump anunciou que enviaria cartas ao Canadá e União Europeia com o aviso de novas tarifas.

O vaivém nos anúncios levou o mercado a criar a expressão “Trump Always Chickens Out”, ou “Trump Sempre Amarela”, em tradução livre.

Popularidade

Pesquisas de opinião indicam que as ameaças de Trump estão influenciaram diretamente a aprovação dele. Os americanos temem que as tarifas aumentem o custo de vida nos EUA. Enquanto isso, a aprovação de alguns governos que foram alvos das medidas subiu.

No Canadá, o Partido Liberal se manteve no poder e venceu as eleições legislativas em abril após uma virada atribuída à rejeição da população às tarifas de Trump.

No México, a aprovação da presidente Claudia Sheinbaum chegou a 80% no auge da crise entre os dois países.

Na Europa, as avaliações do presidente francês, Emmanuel Macron, e do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também melhoraram após as ameaças.

Em toda a União Europeia, uma pesquisa indicou que 52% dos europeus confiavam no bloco — o melhor resultado em 18 anos.

Diante das ameaças de Trump, alguns países observaram movimentos de unidade e patriotismo. Para Ian Bremmer, CEO da consultoria Eurasia, as taxas de Trump ao Brasil podem beneficiar Lula politicamente, assim como aconteceu com governos de outros países.

“Acredito que o tiro vai sair pela culatra. Acho que vai ajudar o Lula e vai prejudicar Bolsonaro”, analisa. “Acho que isso é um grande erro em praticamente todos os níveis.”

 

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