Quarta-feira, 06 de agosto de 2025

Trump pretende se encontrar com Putin e Zelensky na semana que vem, afirma imprensa norte-americana

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (6) a líderes europeus ter planos para uma reunião trilateral com os líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na semana que vem, para pressionar por um acordo de cessar-fogo para a guerra iniciada em fevereiro de 2022.

O anúncio, que ainda não foi confirmado pelos outros dois presidentes, ocorre a dois dias do fim de um prazo dado pela Casa Branca para que Moscou aceite um cessar-fogo, e horas depois de uma reunião do negociador de Trump com Putin.

Segundo relatos de pessoas que acompanharam a conversa entre o presidente americano e líderes europeus, citados pelo New York Times e pela rede CNN, Trump disse que apenas ele, Putin e Zelensky participariam da reunião, excluindo governos europeus que vinham tentando um papel de coordenação — tampouco houve menção à Turquia, que tem servido como local para reuniões entre representantes de Kiev e Moscou, embora sem resultados. A Casa Branca não se manifestou.

Pouco depois, o secretário de Estado Marco Rubio disse que ainda há “muito trabalho pela frente” antes de reunião. O líder ucraniano acompanhou a chamada, mas em declarações publicadas em suas redes sociais não mencionou a proposta, apenas disse que defendia o fim da guerra, que a Ucrânia irá defender sua independência e que a Rússia precisa “encerrar o conflito que começou”.

O Kremlin não se manifestou, mas a secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que o lado russo estava interessado em uma reunião entre Putin e Trump, sem citar Zelensky.

No final de maio, ao ser questionado sobre um possível encontro trilateral, o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, impôs como condição prévia um acordo alcançado em negociações diretas, envolvendo representantes russos e ucranianos. Putin ainda questiona a legitimidade do presidente ucraniano, cujo mandato terminou no ano passado, mas que permanece no poder graças à lei marcial em vigor desde o início da guerra, que impede a realização de eleições.

Citados pela rede CNN, representantes do governo americano dizem ser “difícil” realizar o encontro a curto prazo, citando questões logísticas e negociações preliminares entre os dois lados. No segundo mandato do líder americano, ele e Putin conversaram por telefone em algumas ocasiões, mas sem uma reunião frente a frente.

O anúncio de Trump, que por enquanto soa mais como intenção do que um fato concreto, ocorreu a dois dias do fim de um prazo dado pela Casa Branca para que a Rússia aceite uma proposta de cessar-fogo, incondicional e por trinta dias, na guerra. Caso contrário, o presidente americano ameaça adotar medidas econômicas duras contra a Rússia — um dos poucos países poupados por seu tarifaço global —, e também contra nações que realizam comércio com os russos, incluindo o Brasil.

Chamadas de sanções secundárias, elas podem resultar em uma tarifa adicional de até 100% sobre o valor de exportações para os Estados Unidos vindas dos países atingidos. Nesta quarta-feira, o governo americano confirmou que aplicará tarifa de 25% à Índia, principal compradora do petróleo russo, que se somam aos 25% previamente aplicados como parte do tarifaço trumpista. No fim de semana, Trump disse que os indianos deixariam de comprar petróleo russo, uma alegação que não encontrou respaldo em Nova Délhi.

“Nossas relações bilaterais com vários países se sustentam por mérito próprio e não devem ser vistas pelo prisma de um terceiro país”, disse, em entrevista coletiva no sábado, Randhir Jaiswal, porta-voz da Chancelaria indiana, Índia e Rússia têm uma parceria estável e comprovada.

O Brasil, que compra boa parte de seu óleo diesel de fornecedores russos, também corre o risco de sofrer novas tarifas, além dos 50% que entraram em vigor nesta quarta-feira. O país ainda depende de fertilizantes vindos da Rússia, e uma eventual quebra no fornecimento poderia atingir em cheio o setor agrícola, já prejudicado pelo tarifaço.

Contudo, especialistas apontam que sanções ligadas ao setor de energia poderiam afetar a própria economia americana. A Rússia é a terceira maior produtora mundial de petróleo, atrás apenas da Arábia Saudita e dos Estados Unidos, e os 7 milhões de barris de petróleo e refinados vendidos por dia ao exterior não são facilmente substituíveis, ainda mais pelos preços mais baixos praticados pelos russos.

 

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