Segunda-feira, 27 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 27 de outubro de 2025
A reunião entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump, teve momentos de conversa sobre a vida política do petista e processos judiciais aos quais Lula respondeu.
Segundo fontes ligadas ao Palácio do Planalto, Trump chegou a afirmar que Lula foi perseguido e perguntou quanto tempo o presidente ficou preso por condenações da Operação Lava Jato. Foram 580 dias. Em outro momento, eles conversaram sobre o julgamento de Jair Bolsonaro.
A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo conversou com seis pessoas da equipe do governo brasileiro que estiveram na sala 410 no Centro de Convenções de Kuala Lumpur (KLCC), onde os dois líderes debateram temas políticos na tarde de domingo (26) por 45 minutos, em privado.
Os relatos revelam interesse no histórico de Lula e algumas passagens que deixaram em integrantes do governo brasileiro uma sensação de alguma “cumplicidade”.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a conversa foi “descontraída” e “até alegre”. Trump demonstrou interesse na trajetória de Lula e, de forma geral, aparentou ter estudado um pouco sobre a carreira dele.
“Trump declarou admirar o perfil da carreira política do presidente Lula, já tendo sido duas vezes presidente da República, tendo sido perseguido no Brasil, se recuperado, provado sua inocência, voltado a se apresentar e, vitoriosamente, conquistado o terceiro mandato”, afirmou Vieira.
Segundo outros dois relatos, ambos de autoridades do Planalto, Trump usou o termo “perseguido” para se referir aos processos penais contra Lula. As autoridades americanas presentes não deram sua versão sobre o conteúdo ou o tom da conversa.
Os dois presidentes ainda combinaram de fazer visitas ao Brasil e aos Estados Unidos, em data a ser agendada. Na parte pública da reunião, antes do encontro privado entre eles, Lula quis encerrar a participação da imprensa na conversa, que durou 9 minutos.
O petista estava visivelmente incomodado e desconfortável com a sessão. Achou que a interação já durava demais e estava consumindo tempo que ele queria usar em negociação. Trump assentiu e debochou dizendo que as perguntas estavam entediantes.
A Presidência da República era contra a presença de jornalistas. Como os EUA exigiram que os jornalistas estivessem representados, defendeu que então deveria haver reciprocidade e a participação dos brasileiros. Houve um tumulto na hora do acesso à sala, porque o serviço secreto americano, que controlava a entrada, quis colocar primeiro os jornalistas credenciados na Casa Branca.
O petista e o americano sentaram-se em poltronas estampadas azuis, a um metro de distância, separados por uma mesa com um vaso de flor e dois copos de água com gás. Posaram para uma foto sorrindo, um ativo político do Palácio do Planalto. A Casa Branca também divulgou foto do aperto de mãos. Na visão do governo, o saldo foi positivo e houve algum progresso.
Apesar de os EUA não terem revertido de imediato ou suspendido as tarifas americanas, Trump deu ordens para que seus secretários se reunissem ainda em Kuala Lumpur com a equipe de Lula, dando sentido de urgência ao assunto, como queria o governo brasileiro.