Terça-feira, 01 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 5 de março de 2022
Oleksandr Zinchenko, jogador do Manchester City, afirmou que estaria lutando pela Ucrânia contra a invasão da Rússia se não fosse pela sua filha. Em entrevista concedida à “BBC Sports” para o ex-atleta Gary Lineker, o atleta desabafou.
“Serei honesto: se não fosse pela minha filha e minha família, estaria lá. Tenho muito orgulho de ser ucraniano e estarei com eles o restante da minha vida. Quando você vê as pessoas, como lutam por suas vidas… não há palavras. Conheço as pessoas do meu país, sua mentalidade, preferem morrer e morrerão”, afirmou.
O polivalente jogador da equipe de Pep Guardiola contou sobre o sofrimento que vem passando há 10 dias por conta do início do conflito. “Só choro. Já faz uma semana, mas às vezes dirijo até o CT e começo a chorar. Imagine que o lugar onde você nasceu, cresceu, agora é um terreno vazio. Temos que deter a guerra”, entristeceu-se.
Para o jogador do Manchester City, o que está acontecendo em seu país “não é aceitável”, rejeitando a alegação russa de que se trata apenas de uma operação militar de segurança.
“Eu posso te mostrar um milhão de fotos, um milhão de vídeos do que eles estão fazendo agora. Posso te mostrar cada cidade do meu país que eles destruíram. Isso é uma operação de segurança? Impossível. Isso é uma guerra de verdade. E o que eles estão fazendo com o meu povo não é aceitável. Precisamos parar isso”, afirmou.
Zinchenko criticou ainda o silêncio maioritariamente generalizado de futebolistas russos em oposição à guerra. “Fiquei surpreendido que nenhum deles tenha dito nada. A maioria joga na seleção, têm muitos seguidores no Instagram, Facebook… E eles podem, pelo menos, fazer algo para parar esta guerra. As pessoas podem ouvi-los. Eu já sei que eles estão com medo… Mas estão com medo de quê? Não vão fazer nada contra eles. Podem dizer o que pensam, mas ignoram”, lamentou.
O ucraniano, que está a mais de três mil quilómetros de distância, reconhece que tenta fazer uso do poder das palavras para combater, por exemplo, a propaganda russa. Segundo a “BBC”, o Kremlin tem ordenado a transmissão de versões alternativas.
“A [minha] missão é mostrar ao resto do mundo a verdade. Falei com muitas pessoas e disseram que a forma como a TV russa está a mostrar [a guerra] é ridícula. Há cidades onde os civis russos estão a fazer protestos falsos como “queremos estar com a Rússia”, relatou o jogador.
A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, uma ofensiva militar à Ucrânia e as autoridades de Kiev já contabilizaram mais de 2.000 civis mortos, inclusive crianças. Segundo a ONU, os ataques provocaram mais de 1,2 milhões de refugiados.
Neste domingo (6), Zinchenko entra em campo pelo Manchester City para encarar o Manchester United pelo campeonato inglês. Desde a última semana, a competição tem realizado diversas manifestações em apoio à Ucrânia. O City é líder isolado da Premier League, com 66 pontos em 27 partidas jogadas. São 21 vitórias, 3 empates e 3 derrotas.
Morte no futebol
O diretor-executivo do Shakhtar Donetsk, Sergei Palkin, publicou um duro texto direcionado a jogadores, empresários e dirigentes dos clubes russos. Ele cobrou posicionamento contra a guerra e revelou que um treinador infantil da equipe ucraniana, cujo nome não foi revelado, foi morto durante os conflitos.
“Um funcionário morreu ontem (quarta). Treinador infantil. Ele foi morto por um fragmento de um projétil russo. A Rússia está matando ucranianos. Parem com essa loucura! Não fiquem calados, falem!”, desabafou Palkin.
O CEO do Shakhtar Donetsk espera que os personagens do futebol russo comecem a se manifestar contra a guerra.
“Gostaria de me dirigir aos proprietários, dirigentes e jogadores dos clubes de futebol russos. A Rússia realizou um ataque militar horrendo e traiçoeiro contra a Ucrânia. Um país onde cada um de vocês esteve e onde sempre foram muito bem recebidos. O país onde você tem parentes, amigos, conhecidos. O país onde alguns de vocês nasceram. E hoje o exército russo está destruindo este país, seu povo com todos os tipos de armas”, escreveu o diretor do time ucraniano.
“Apesar de você não ter dado a ordem para exterminar os ucranianos, seu silêncio é uma ajuda para o assassinato e a destruição em massa”, declarou Palkin.