Quarta-feira, 06 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 5 de agosto de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (5) durante um evento no Palácio Itamaraty que mediria todas as palavras que falaria por conta da “seriedade do momento político”.
Lula frisou também que não gostaria de falar sobre a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nesta segunda (4).
Após falar por alguns minutos de improviso, Lula decidiu ler o discurso que, segundo ele, tratava sobre o Brasil.
“Eu acho que hoje é um dia de dar boas notícias. Eu vim para cá comprometido a não perder muito tempo falando da taxação [dos Estados Unidos]. Falar o mínimo possível, porque se não vocês vão [dizer]: ‘Por que o Lula não falou? Ele tá com medo do [Donald] Trump? E eu não quero que vocês saiam com essa imagem”, afirmou.
“E também não quero falar do que aconteceu hoje com o outro cidadão brasileiro que tentou dar um golpe”, emendou o presidente.
Em outro momento, Lula afirmou que o presidente americano “não tinha direito” de anunciar a taxação da forma que fez — com uma carta direciona a Lula que fez menção a Bolsonaro.
O petista ainda ponderou sobre a importância de se ter cautela em um momento que ele classificou como “delicado” e em que a “democracia está sendo atacada”.
Segundo Lula, “não é possível que o mundo esteja cego” e que as pessoas estejam perdendo “o mínimo de senso de respeito à soberania, ao poder do judiciário e do Congresso”.
O presidente também mencionou a expectativa do governo para quando o Brasil saísse do Mapa da Fome. O anúncio sobre a conquista do país foi divulgado na semana passada em um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).
O Mapa da Fome é elaborado pela FAO, agência da ONU especializada em Alimentação e Agricultura, e mede o acesso da população à alimentação suficiente para uma vida ativa e saudável.
“Pensei que a gente fosse fazer uma festa, mas em função da taxação a gente não fez festa. Mal e porcamente saiu um comunicado quando o Brasil saiu do Mapa da Fome. Quantos países do mundo não gostariam de ter consigo o que nós conseguimos?”, questionou.
Primeira declaração após prisão
Essa foi a primeira declaração pública de Lula depois da decisão sobre a prisão domiciliar de Bolsonaro. A fala foi feita durante reunião do “Conselhão”, no Palácio Itamaraty.
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, conhecido como “Conselhão”, é o colegiado que reúne ministros, empresários e ativistas para discussão e sugestão ao governo de políticas públicas em diferentes áreas.
O encontro foi marcado por manifestações de reforço à soberania do país e críticas ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos a pedido do presidente Donald Trump.
Além de Lula, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) pontuaram em seus discursos a importância de se defender o Estado brasileiro diante das investidas dos EUA.