Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Um em cada quatro brasileiros pensa em trocar de emprego

Dificuldades financeiras, a busca por mais equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e a falta de oportunidade de desenvolvimento nas organizações são as principais razões para o brasileiro pensar em mudar de emprego. A constatação é da pesquisa “Hopes and Fears 2023”, realizada pela PwC. Foram ouvidas quase 54 mil pessoas em 46 países e territórios, sendo mil no Brasil.

O estudo indica que 25% dos brasileiros planejam deixar seus empregos em até 12 meses. Globalmente, são 26%. A geração Z é a que mais tende a trocar de trabalho (31%), seguida pela X (27%) e a Y (25%). “Se o profissional não observar as oportunidades [de melhoria salarial, equilíbrio e desenvolvimento], tenderá a mudar de emprego”, diz Camila Cinquetti, sócia da PwC Brasil.

Ela pontua que a maior probabilidade de deixar a empresa acontece entre os que se sentem sobrecarregados (44%) e lutam para pagar suas contas (38%). A pesquisa indicou que 21% dos profissionais no Brasil (17% no mundo) estão com dificuldades para arcar com os boletos, e 39% (42% globalmente) dizem que, depois de pagar as despesas, têm pouco ou nada sobrando – um aumento em relação aos 37% de 2022 no Brasil e no mundo.

A proporção dos que dizem ter dinheiro sobrando no fim do mês caiu para 37% no Brasil, ante 45% em 2022. Para Cinquetti, desafios financeiros são um tema relevante e a pesquisa mostra a importância de endereçar esse cenário na gestão das pessoas. “A preocupação com o custo de vida impacta a performance do profissional”, diz.

Ela comenta, ainda, que um dos temas evidenciados no estudo é a importância de as empresas se reinventarem para se manterem relevantes, não só aos olhos do mercado, mas das pessoas que ali trabalham. “Se as pessoas não se sentem confiantes que as empresas em que trabalham vão sobreviver a uma década, temos uma associação direta com seu não engajamento.”

Segundo o levantamento, 28% dos respondentes no Brasil disseram que as empresas onde atuam não serão economicamente viáveis em dez anos se mantiverem o rumo atual.

“Em nossa pesquisa, compreendemos a importância de as empresas mostrarem claramente para as pessoas seus movimentos de transformação e reinvenção do negócio, para que elas confiem e percebam que realmente existe a viabilidade e perenidade nas empresas onde atuam”, diz a sócia da PwC Brasil. Os profissionais mais pessimistas – esses 28% que afirmam que as empresas onde atuam não serão economicamente viáveis em dez anos – tendem mais a sair da empresa nos próximos 12 meses, diz Cinquetti.

Para ela, níveis elevados de confiança estão associados a várias características, incluindo o alinhamento dos profissionais com os valores e direção da empresa, maior satisfação no trabalho e crença na viabilidade do negócio.

O brasileiro, aliás, parece mais confiante em si mesmo do que seus pares globais. Segundo a pesquisa, 67% acreditam que contribuem com ideias novas (52% no mundo); 67% procuram ativamente feedback (50% no mundo); e 59% assumem responsabilidades adicionais (50% no mundo). Na visão de Cinquetti, as empresas precisam manter o aprimoramento nas práticas de gestão de pessoas para que seus funcionários notem que estão construindo e evoluindo na própria carreira, que podem se posicionar e serem mais colaborativos. “Notamos que os que pretendem mudar de emprego nos próximos 12 meses tendem menos a dizer que encontram satisfação no emprego ou que podem ser autênticos no trabalho”, afirma.

De acordo com o levantamento, 61% dos brasileiros dizem que podem ser autênticos no trabalho (53% no mundo). “Podemos compreender que a evolução cultural e o aprimoramento nas iniciativas de inclusão nas organizações impactam positivamente o ambiente de trabalho, mas, ainda sim, temos muito para avançar nessa agenda.”

Vale pontuar que na edição anterior da pesquisa esse índice no Brasil era de 65% e, portanto, caiu. “Está claro que localmente temos um desafio para endereçar essa inflexão”, afirma. “A pesquisa mostra que a probabilidade de mudar de emprego aumenta para as pessoas que afirmam não poder ser quem elas são no trabalho, ou seja, ser autêntico.”

Em relação à inteligência artificial, a pesquisa indica que os profissionais estão menos temerosos com essa tecnologia. O sentimento mais comum, expresso por 43% dos participantes no Brasil e 31% no mundo, é que a IA ajudará a ampliar a produtividade ou eficiência. Globalmente, 52% escolheram pelo menos uma declaração positiva sobre o impacto da IA em sua carreira – aumentará a produtividade, trará oportunidades para aprender novas competências ou criará oportunidades de emprego -, enquanto 35% escolheram ao menos uma declaração negativa.

Cinquetti observa que o percentual de pessoas com receio da tecnologia e sua empregabilidade vem caindo (50% em 2019 e 30% em 2022). “A tecnologia tem se transformado de ameaça para oportunidade de requalificação”, diz. Ela reforça a mensagem sobre o upskilling. “As organizações precisam priorizar o desenvolvimento das habilidades humanas, pois elas não podem ser substituídas por qualquer nova tecnologia que surja.”

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