Sábado, 11 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 11 de outubro de 2025
Todos os níveis de insegurança alimentar caíram de 2023 para 2024, de acordo um novo relatório do IBGE. O número de domicílios nessa condição recuou de 27,6% para 24,2%, o que representa 2,2 milhões de lares a menos. É uma queda de 21,1 milhões para 18,9 milhões de moradias – 2,2 milhões de famílias brasileiras deixaram a situação de insegurança alimentar em um ano.
Considerando-se só os segmentos de insegurança alimentar moderada e grave, os índices são os menores em duas décadas: o porcentual é de 7,7% nessas faixas diante de 16,8% em 2004.
Apesar disso, aproximadamente 6,5 milhões de pessoas encontram-se em situação de insegurança alimentar grave, ou seja, domicílios em que o responsável informou que a fome estava presente. Além disso, um em cada quatro domicílios apresentou algum grau de insegurança alimentar em 2024, ou seja, moradores não sabiam se teriam comida suficiente ou adequada na mesa. As Regiões Norte (37%) e Nordeste (34%) apresentam os maiores porcentuais de lares com essa incerteza.
Fome e insegurança alimentar não são sinônimos. Fome é uma privação contínua que afeta fisicamente e mentalmente o indivíduo e pode levar à morte, segundo a ONU. Já a insegurança alimentar é a redução na quantidade e na qualidade da comida e pode levar, por exemplo, à desnutrição e a outros problemas de saúde.
O IBGE ressalta que na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) não é possível contabilizar o total de brasileiros passando fome. Mas, segundo levantamento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU), apresentado em julho, o Brasil está fora do Mapa da Fome, abaixo do patamar de 2,5% da população em risco de subnutrição ou de falta de acesso à alimentação suficiente.
Área rural
Ao todo, 62,6 milhões no País apresentaram algum grau de insegurança alimentar em 2024. A situação mais grave afeta 6,4 milhões, com predomínio na área rural (31,3%). “Houve ruptura nos padrões de alimentação nesses domicílios e a fome esteve presente entre eles, pelo menos, em alguns momentos do período de referência”, diz o IBGE. As Regiões Norte (37,7%) e Nordeste (34,8%) seguem com os índices mais preocupantes de insegurança alimentar. O Norte teve taxa quase quatro vezes maior de domicílios com restrição severa de acesso aos alimentos quando comparada com à Região Sul (6,3% contra 1,7%).
Ocupação
Quando analisadas as ocupações dos responsáveis em domicílios com insegurança alimentar, 17,0% trabalhavam por conta própria, 8,6% eram empregados privados sem carteira, 6,5% eram trabalhadores domésticos, e 47,5% eram outros casos (trabalhadores familiares auxiliares, desocupados e pessoas fora da força de trabalho). Nos casos de domicílios em insegurança alimentar grave, 15,5% tinham responsáveis ocupados por conta própria, 8,3% como empregado com carteira assinada e 6,7% como trabalhador doméstico.
No contexto da insegurança alimentar, domicílios com responsáveis de cor branca eram 28,5%, os de cor parda, 54,7%, e os de cor preta, 15,7%. Para casos de insegurança alimentar grave, a participação de domicílios com pessoa responsável de cor parda passou para 56,9%, mais que o dobro da parcela que representava os domicílios cujo responsável era de cor branca, 24,4%.
Os domicílios com responsável de cor branca (45,7%) foram a maior parcela dos que estavam em segurança alimentar, acima dos domicílios com responsáveis de cor parda (42,0%) e preta (11,1%).
Insegurança alimentar
A pesquisa classifica a insegurança alimentar em três níveis:
• Insegurança alimentar leve: preocupação ou incerteza quanto ao acesso a alimentos e redução da qualidade para não afetar a quantidade;
• Insegurança alimentar moderada: falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos entre adultos;
• Insegurança alimentar grave: falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos também entre menores de 18 anos. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.
Com informações da CNN e O Estado de S.Paulo