Quinta-feira, 18 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de dezembro de 2025
Lideranças da União Europeia (UE) não conseguiram desbloquear a assinatura imediata do acordo comercial com o Mercosul. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse aos demais líderes de países do bloco que tomou a decisão de adiar o cronograma até janeiro, segundo o site Politico.
O acordo voltou a sofrer um revés político às vésperas da data na qual seria assinado, com a mudança de posição da Itália. Roma colocou o tratado em risco a que passou a postular pelo adiamento e somou-se à objeção da França.
O acordo de livre comércio entre os blocos, negociado há 26 anos, é um dos assuntos pendentes da pauta da reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, na Bélgica. A sede da UE foi palco de protestos de agricultores contrários ao tratado nas últimas horas. Eles bloquearam vias, atiraram esterco de vaca e incendiaram uma praça na véspera. Entraram em confronto com policiais.
Diplomatas europeus relataram que a ainda existia uma janela para tentar a votação do acordo nesta sexta-feira (19) mas a incerteza dominava o cenário. Eles se dividiam entre um resquício de esperança e jogar a toalha. As tratativas de bastidores avançaram ao longo do dia.
Eles envolveram apelos até do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que telefonou para a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, nesta quinta-feira (18). Lula relatou que ela pediu mais tempo, talvez algumas semanas, até janeiro, justamente para tentar convencer o agro italiano de que eles estariam protegidos e com as mesmas regras dos demais.
O presidente brasileiro havia dito que desistiria de tentar alcançar a formalização do acordo durante seu governo se os europeus não seguissem o combinado, mas depois afirmou que, se a posição de bloqueio prevalecesse na Europa, pretendia levar aos demais presidentes do Mercosul o assunto para saber o que fazer, durante a reunião do sábado (20).
Os líderes da UE planejavam não levar o texto à votação se houvesse risco concreto de derrota – neste caso, o procedimento seria adiado, como se concretizou nesta quinta.
O capítulo comercial do Acordo Mercosul seria levado à votação entre os líderes dos 27 países europeus, durante a reunião do Conselho Europeu.
As regras exigem a chamada maioria qualificada: voto favorável de 15 países que somem ao menos 65% da população europeia. Para derrubar o acordo, são necessários votos de países que somem 35% dos europeus. Esse percentual seria alcançado com folga, com a contagem de França, Itália, Polônia, Áustria, Hungria e Irlanda.