Domingo, 27 de abril de 2025

Uso de antibiótico antes dos 2 anos de idade é associado à obesidade

Tomar antibióticos nos primeiros dois anos de vida está associado a um índice de massa corporal (IMC) mais alto na infância, de acordo com um estudo apresentado no Encontro de 2025 das Sociedades Acadêmicas Pediátricas (PAS), realizado de 24 a 28 de abril em Honolulu, no Havaí.

A maioria das crianças recebe antibióticos nos primeiros dois anos de vida. Aproximadamente um quarto das crianças é exposto a antibióticos ainda durante a gravidez e cerca de um terço durante o parto vaginal, segundo os pesquisadores responsáveis pelo estudo. O trabalho reforça a preocupação crescente sobre o uso excessivo desses medicamentos nos primeiros momentos da vida.

“A exposição a antibióticos nos primeiros dois anos de vida tem uma associação mais forte com o ganho de peso na infância do que a exposição durante a gravidez ou outras fases iniciais da vida”, afirma Sofia Ainonen, médica da Universidade de Oulu, na Finlândia, e autora principal da pesquisa, em comunicado divulgado à imprensa.

Para realizar o estudo, os pesquisadores acompanharam 33.095 crianças nascidas de parto normal na Finlândia. O objetivo era verificar se o uso de antibióticos antes da gravidez, durante o período perinatal e após a gravidez estava associado a um IMC mais alto aos dois e aos 12 anos de idade. Os dados foram ajustados para idade e sexo, levando em consideração variáveis de confusão importantes.

Os resultados mostraram que crianças expostas a antibióticos nos primeiros dois anos de vida apresentaram um IMC ajustado 0,067 vezes maior, além de um risco 9% maior de desenvolver sobrepeso e um risco 20% maior de obesidade, em comparação com crianças que não foram expostas aos antibióticos nesse período crítico do desenvolvimento.

Por outro lado, não foi encontrada correlação significativa entre o IMC e o uso de antibióticos antes da gravidez, durante o período gestacional ou na exposição ao nascer. A influência mais marcante parece estar concentrada no uso após o nascimento, durante a primeira infância.

“Os profissionais de saúde precisam ser cautelosos ao prescrever antibióticos para crianças pequenas, especialmente antibióticos desnecessários para infecções do trato respiratório superior.”, reforça a médica Sofia Ainonen.

A obesidade infantil é um desafio crescente em todo o mundo, com mais de 159 milhões de crianças em idade escolar diagnosticadas com obesidade em 2022, de acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). A pesquisa destaca a necessidade de políticas de prescrição mais rigorosas e de maior conscientização sobre o impacto de intervenções medicamentosas precoces no desenvolvimento infantil.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Saúde

Com que idade as mulheres perdem o desejo sexual? Veja o que diz a ciência
TDAH: ouvir música instrumental pode ajudar crianças a cometerem menos erros por falta de atenção, diz estudo
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play