Domingo, 06 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 5 de julho de 2025
Dentre os fatores para um adolescente iniciar o hábito de fumar cigarros eletrônicos, mais conhecidos como vapes, a influência dos amigos se mostrou um motivo importante segundo um novo estudo, encabeçado pela Universidade de Queensland, na Austrália. O trabalho apontou que um indivíduo têm 15 vezes mais probabilidade de usar cigarros eletrônicos se os amigos usarem.
Por outro lado, pesquisadores descobriram que a desaprovação dos vapes por pessoas importantes para os adolescentes — como os pais — reduzia a probabilidade de um adolescente vaporizar em cerca de 70%. No mesmo sentido, entre 2015 e 2020, a desaprovação pública percebida aumentou tanto para cigarros (73,3% para 84,2%) quanto para vaporizadores (55,4% para 77,5%). Os resultados foram publicados na revista científica Nicotine and Tobacco Research.
Outra pesquisa, liderada por outra equipe da mesma universidade, também indica que jovens de 11 a 18 anos não sabem sobre as substâncias presentes no cigarro eletrônico. Dentre aqueles que utilizam cigarro eletrônico, havia mais mulheres do que homens.
Em 2023, foi estimado que 7,4% dos adolescentes dos EUA usavam um canabinoide conhecido como THC (que é extraído da planta de cannabis e produz um efeito psicoativo) no vape. Além disso, 2,9% estavam vaporizando canabidiol, conhecido como CBD (também extraído da planta de cannabis e mais frequentemente usado para fins medicinais) e 1,8% estavam vaporizando canabinoides sintéticos (uma droga feita em laboratório que imita os efeitos da cannabis).
“Os canabinoides sintéticos são particularmente perigosos, pois podem levar a consequências imprevisíveis para a saúde e até mesmo à morte. Também foi preocupante ver que mais adolescentes estavam inseguros sobre as substâncias que estavam vaporizando — 1,8% dos adolescentes em 2021 não tinham certeza se já haviam vaporizado canabinoides sintéticos, aumentando para 4,7% em 2023”, afirma Jack Chung do National Center For Youth Substance Use Research da Universidade de Queensland.
Outro achado importante da segunda pesquisa, publicada na revista científica American Journal of Preventive Medicine, mostra que o uso de todos os três produtos aumentou entre 2021 e 2023 entre adolescentes de 11 a 18 anos. Assim como o número de crianças de 11 a 13 anos que vaporizam THC e canabinoides sintéticos dobrou entre 2021 e 2023.
De acordo com o professor associado Gary Chung Kai Chan, que colaborou em ambos os estudos, disse que as mídias sociais desempenharam um papel importante nas taxas de uso de cigarros eletrônicos entre os jovens.
“Em muitos vídeos, o vape é retratado como uma opção de estilo de vida mais saudável e moderna quando comparado ao fumo de cigarro, mas essa é uma mensagem perigosa. Precisamos de mais regulamentação nas mídias sociais, juntamente com políticas e campanhas direcionadas para diminuir as taxas de uso do cigarro eletrônico”, alerta Chan.
O pesquisador também defende que mais pesquisas são necessárias para ajudar a entender as tendências em evolução do uso de cannabis no vape e os impactos na saúde física e mental dos jovens.
No Brasil, o cigarros eletrônicos, pods ou vapes, são proibidos por decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), um único vape equivale a um maço com 20 cigarros.
No entanto, conforme foi apresentado no terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III), 5,6% da população com 14 anos ou mais utiliza os dispositivos no Brasil, 3,7% de forma exclusiva e 1,9% em conjunto com o tabaco convencional.
Entre o grupo de 14 a 17 anos, a prevalência é maior: 8,7% dos jovens consumiram vapes em 2024. Enquanto isso, entre os adultos, o percentual foi de 5,4%. (Com informações do jornal O Globo)