Sábado, 24 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 23 de maio de 2025
Após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ser citado pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio na Câmara dos Representantes americana, governistas e oposicionistas se posicionaram sobre a possível sanção por parte do governo de Donald Trump contra Moraes.
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se mudou para o país americano em março justamente para buscar sanções estrangeiras contra o ministro – relator da ação penal contra o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL) –, comemorou: “Venceremos!”. Eduardo também fez outras publicações sobre o tema, afirmando, por exemplo, que só agora “a esquerda e o establishment” estão “levando a sério” o poder dos americanos em interferirem no Brasil.
Dois de seus irmãos acompanharam a comemoração de Eduardo. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chamou Moraes de “o maior destruidor da democracia brasileira”, comentando uma notícia da Folha de S. Paulo de que ministros do Supremo teriam chamado a sanção de “inadmissível” e que “gerará solidariedade”.
“Só vai gerar solidariedade de quem está dando suporte ao maior destruidor da democracia brasileira! E aí talvez a sanção a Moraes seja solidária a quem for solidário a ele!”, escreveu Flávio.
O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL), conhecido por suas mensagens enigmáticas, citou a Lei Magnitsky, mencionada pelo deputado republicano Cory Lee Mills na audiência que o ministro e o STF foram acusados de “perseguir a oposição, incluindo jornalistas e cidadãos comuns”.
Tal lei é um dispositivo da legislação americana que permite que os Estados Unidos imponham sanções a acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos.
Além da família Bolsonaro, parlamentares bolsonaristas também comentaram o caso. O vice-líder da oposição na Câmara, deputado Maurício Marcon (Podemos-RS), também compartilhou a notícia sobre os ministros afirmarem que a sanção é inadmissível e vai gerar solidariedade. “Vão fazer o que cara pálida?”, ironizou, seguido de emojis de risadas.
O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) publicou um trecho do programa Em Pauta, da GloboNews, afirmando que um dos jornalistas relata que “é algo sério que está para acontecer com o ministro”, e que Moraes terá “morte financeira”. “O melhor é vê-lo finalmente reconhecer como a censura extrapolou todos os limites: ‘hoje é com eles, amanhã pode ser comigo’.”
A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) fez uma série de publicações sobre o caso. Ela afirmou que “com um Senado omisso, o caminho é combater a ditadura de fora”, e parabenizou o colega Eduardo pela dedicação. “Muitos que tentaram ridicularizar seu trabalho ainda verão os frutos do seu sacrifício.”
A deputada ainda comentou o posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que repudiou as ameaças americanas, afirmando que a ofensiva é “uma clara violação” à soberania nacional e aos princípios que regem a convivência internacional. Zanatta afirmou que advogados são “humilhados” por ministros, mas que o que importa é “puxar no saco do Xandy para não perder o ‘arrego’ nos tribunais”. A catarinense também ironizou o fato de a bancada do PT na Câmara ter se manifestado em solidariedade ao ministro: “Os mesmos que faziam protestos contra a nomeação de Moraes. A harmonia entre os poderes.”
A nota de repúdio às ameaças americanas foi publicada pelo líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ). Os parlamentares petistas defenderam a “independência e a harmonia entre os poderes bem como a soberania das instituições brasileiras” e que o País não aceitará “qualquer forma de submissão ou ingerência estrangeira em nosso ordenamento jurídico”.
O líder do governo na Câmara, deputado federal José Guimarães (PT-CE), afirmou que o caso se trata de “retaliação” ao julgamento de Bolsonaro e os outros réus na ação penal por tentativa de golpe de Estado, e que a situação é “inadmissível”.
“Eduardo Bolsonaro, que se licenciou do mandato parlamentar para morar nos Estados Unidos, precisa ser investigado, para que seja esclarecida a possível participação dele no ataque do governo Trump contra a Suprema Corte brasileira. Caso confirmado, ele deve ser levado ao tribunal e punido com o rigor da lei por crimes de alta gravidade, traição à pátria e ações que comprometem a integridade do Brasil.”
Na quinta-feira (22), Lindbergh entrou com representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado federal licenciado, alegando que sua conduta nos Estados Unidos fere à soberania nacional e pede a prisão preventiva de Eduardo.
Os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também associaram o caso ao julgamento de Bolsonaro na trama golpista. Gleisi chamou a tentativa de intervenção de “vergonhosa” e que demonstra “desespero” do réu, se referindo ao ex-presidente. (Com informações do Estado de S. Paulo)