Sábado, 05 de julho de 2025

Veja por que a subvariante ômicron XE não tira o sono dos especialistas brasileiros

A identificação do primeiro caso no Brasil de contaminação pela nova subvariante do vírus da covid-19, a ômicron XE, foi recebida sem maiores preocupações por especialistas em saúde. A avaliação inicial é de que o risco é baixo de a pandemia voltar a ter uma piora no Brasil em função da XE.

A nova subvariante chamou atenção há alguns dias quando cientistas do Reino Unido fizeram sua identificação. As primeiras indicações são de que a XE teria uma capacidade de transmissão superior à da subvariante BA.2, que é hoje considerada a mais transmissível.

Na última semana, o Instituto Butantan, de São Paulo, informou ter diagnosticado um paciente contaminado com a XE no Brasil. O Ministério da Saúde confirmou este que passou a ser considerado como primeiro caso conhecido da nova cepa no País.

Médicos e pesquisadores disseram que, do ponto de vista de saúde pública, o fato de a cobertura vacinal no Brasil ter atingido níveis altos e o fato de que uma grande parcela da população teve covid tendem a criar um efeito de dupla proteção.

“Claro que os efeitos ainda vão depender das características dessa cepa, mas eu acho que deve ter pouco impacto no Brasil por causa do volume da população que já foi vacinada e por causa do volume da população que já foi infectada. É diferente de outros países que tiveram baixa taxa de infecção. Esses países são mais vulneráveis”, afirma o médico sanitarista Adriano Massuda.

A XE é formada por uma recombinação do material genético das duas cepas da variante ômicron, a BA.1 e a BA.2, e já foi detectada e outros países, além do Reino Unido.

“Ainda não temos muitos dados sobre ela, mas, por ser similar à BA.1 e à BA.2, muito provavelmente as vacinas continuam protegendo a população principalmente contra as formas graves”, diz o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda.

“Do ponto de vista prático, a gente pode até observar um aumento de casos, eventualmente aumento de hospitalizações em locais de baixa cobertura vacinal, mas a gente sabe que, em locais de alta cobertura vacinal, o impacto dessa variante vai ser menor.”

Ele lembra ainda que, no Reino Unido, o aumento no número de casos associados à XE não tem provocado um aumento significativo no número de internações que inspirem cuidados mais complexos.

Antes da confirmação do caso de XE no Brasil, o médico Carlos Carvalho, diretor da UTI Respiratória do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas de São Paulo já apontava que era praticamente inevitável que a nova subvariante fosse detectada no Brasil.

“A história da pandemia tem sido essa”, lembrou ele. “O vírus não fica só na Ásia, na África ou Europa. No entanto, há uma competição. Se essa XE for mais forte e ocupar o espaço da deltacron e BA.2, ela vai se espalhar. Caso não se mostre mais forte, provavelmente a BA.2, que é a variante que está ganhando terreno, vai acabar com a deltacron e não deixar a XE avançar”, acrescenta Carvalho.

Nenhum das subvariantes recombinantes (que são constituídas de uma mescla de material genético de outras variantes) descritas até o momento foram classificadas pela OMS como de risco, mas, sim, como subvariantes que merecem atenção.

Além da XE, outras dessas subavariantes foram nomeadas como XD e XF. As três são linhagens que surgiram da combinação das variantes delta e ômicron do coronavírus.

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