Terça-feira, 09 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 9 de dezembro de 2025
Em uma clínica ao norte de Baltimore, a dermatologista Myriam Lucia Vega Gonzalez recebe, diariamente, pacientes com diferentes tipos de queda de cabelo. “É uma queixa muito, muito comum”, afirma a professora assistente da Universidade Johns Hopkins.
Apesar da alta frequência desse problema, especialistas destacam que os avanços recentes mudaram o cenário dos tratamentos. “Estamos na era de ouro do cabelo”, diz Shari Lipner, professora associada de dermatologia clínica no Weill Cornell Medicine. Segundo ela, há opções eficazes que não existiam há alguns anos.
O Washington Post ouviu cinco dermatologistas para entender as causas mais frequentes da queda de cabelo e os tratamentos com evidência científica disponíveis atualmente.
Queda padrão
A forma mais comum de perda capilar é a alopecia androgenética, também chamada de queda de cabelo padrão. Ela é hereditária e provoca fios cada vez mais finos e ralos ao longo dos anos, tanto em homens quanto em mulheres. “Os genes determinam muito do que acontece com o cabelo”, explica Paradi Mirmirani, especialista em distúrbios capilares na Kaiser Permanente, na Califórnia.
Queda difusa
Conhecida como eflúvio telógeno, essa queda ocorre após eventos estressantes, como doenças, infecções, cirurgias, gravidez ou mudanças hormonais. O processo costuma durar de seis a nove meses até que o cabelo volte ao normal, relata Myriam.
Usuários de medicamentos da classe GLP-1 também têm relatado queda de cabelo, embora a causa ainda não esteja clara. “Pode estar relacionada à perda de peso rápida, alterações na dieta ou à combinação de fatores”, explica Carolyn Goh, professora clínica de dermatologia da UCLA Health.
Queda focal
A queda em placas geralmente está associada à alopecia areata, uma condição autoimune que atinge os folículos capilares. Em situações raras, a perda pode ser total, atingindo cílios e sobrancelhas. Há ainda a alopecia por tração, provocada por penteados muito apertados, como tranças, rabos de cavalo e extensões, que geram tensão excessiva no couro cabeludo.
Especialistas recomendam buscar um dermatologista caso a queda aumente repentinamente ou se houver ardência e coceira. “É difícil identificar o tipo de queda sem avaliação médica”, observa Shari. “E o tempo é essencial.”
Tratamentos eficazes
O tratamento ideal depende do tipo de queda, além de fatores como idade, sexo, estilo de vida e medicamentos em uso. No caso da alopecia areata, o cabelo muitas vezes volta a crescer espontaneamente, sobretudo quando a perda é leve. Quando necessário, dermatologistas utilizam injeções de corticoide ou pomadas anti-inflamatórias.
Entre os tratamentos mais utilizados estão:
Minoxidil tópico – Considerado seguro e eficaz, estimula novos fios e está disponível com e sem prescrição. “Pense nele como um fertilizante”, explica Paradi. “Ele faz o cabelo crescer em todos os lugares.”
Minoxidil oral – Usado originalmente para hipertensão, hoje é prescrito off-label para queda capilar. Muitos pacientes preferem a versão oral pela praticidade. No entanto, pode causar efeitos adversos, como aumento da frequência cardíaca, inchaço e queda brusca de pressão, alerta Shari.
Finasterida – Aprovada pelo FDA e pela Anvisa para homens, impede o afinamento dos folículos. Em mulheres, seu uso é off-label e ainda há poucos estudos, afirma Carolyn.
Espironolactona – Outro antiandrogênico, é prescrito principalmente para mulheres jovens.
Procedimentos como injeções de plasma rico em plaquetas e terapia com luz vermelha de baixa frequência também complementam o tratamento, segundo Paradi.
Os resultados costumam aparecer entre seis meses e um ano. Para gestantes, porém, não há opções consideradas totalmente seguras. “Infelizmente, não existe tratamento adequado durante a gravidez”, diz Carolyn.