Sexta-feira, 29 de março de 2024

“Viramos um país de ofensas”, diz o ministro do Supremo Luís Roberto Barroso após ser interrompido no Reino Unido

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso afirmou neste sábado (25) que o Brasil se tornou um “país de ofensas”, após ser interrompido em um evento no Reino Unido, quando defendia o processo eleitoral brasileiro.

Barroso dizia que, quando presidiu o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entre 2020 e 2022, precisou “oferecer resistência aos ataques contra a democracia e impedir esse abominável retrocesso que seria a volta do voto impresso com contagem pública manual, que sempre foi o caminho da fraude no Brasil”.

Neste momento, o ministro foi interrompido por um homem e uma mulher, que disse ser “mentira” que os críticos das urnas eletrônicas pedem contagem manual. Barroso respondeu que ela poderia pesquisar a informação na internet e que ele estava citando apenas um fato.

“O discurso oficial era, abro aspas, ‘voto impresso, com contagem pública manual’, fecho aspas. É só olhar”, afirmou Barroso. “Com todo respeito, se você entrar em qualquer lugar, vai ouvir do presidente da República, e da autora da proposta, que queria voto impresso com contagem pública manual. Esse é um fato. A partir daí, cada um pode achar o que quiser, mas esse é um fato.”

Ao falar sobre a interrupção, o ministro acrescentou: “Esse é um dos problemas que nós estamos vivendo no Brasil, um déficit imenso de civilidade.”

“Uma coisa que aconteceu no Brasil é que o pensamento conservador, que é legitimo, foi capturado pela grosseria, ofensa, pela falta de respeito. O sujeito fala em nome de Deus ‘eu quero que você morra’, tudo contrário ao que o cristianismo prega. Portanto, acho que um choque de civilidade é o que precisamos”, disse Barroso. “Precisamos regatar a capacidade de divergir com respeito, viramos um pais de ofensas.”

O presidente Jair Bolsonaro defendeu nos últimos anos a aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que implementaria um sistema de impressão de voto na urna eletrônica, que, então, seria contado. O projeto foi votado no plenário da Câmara em 2021, mas não obteve os votos necessários para ser aprovado.

Barroso disse ainda que, apesar de ter discutido o papel do voto eletrônico no processo eleitoral, gostaria de ter focado sua gestão no TSE na discussão de temas como o aumento da diversidade na política, com mulheres em órgãos dirigentes de partidos e a mudança do sistema eleitoral para o distrital misto.

No discurso, realizado em um evento na Universidade de Oxford, o ministro do STF também voltou a falar sobre a situação da Amazônia, que, segundo ele, prejudica a imagem do Brasil no exterior e tem se tornado alvo de quadrilhas internacionais.

“A imagem do Brasil vive o desprestígio de uma ascendente devastação da Amazônia, cuja soberania nós estamos perdendo não é para outros países, estamos perdendo é para o crime organizado”, afirmou Barroso.

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