Sexta-feira, 26 de abril de 2024

FCDL-RS projeta um cenário mais alentador para o varejo gaúcho em 2019

Um ano ainda difícil para se trabalhar e para empreender, mesmo que a recessão já tenha passado. Assim é a definição que a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul – FCDL-RS dá para o ano de 2018. Os resultados gerais da economia, no entanto, mostram percentuais de crescimento tanto no comércio como na indústria, o que gera um alento para 2019.

2018 foi pobre em economia, mas rico em história. O ano iniciou pautado pelo pessimismo de um governo sem credibilidade. Passou pela crise gerada pela greve dos caminhoneiros e incertezas eleitorais. E está finalizando com discreto otimismo para 2019, na expectativa de mudanças, ainda não muito claras.

– No que diz respeito ao varejo gaúcho, 2018 registrou um crescimento de 6,3% nas vendas, contabilizando o varejo ampliado, no qual estão incluídos material de construção e veículos. A alta poderia ter sido melhor, mas fatores como a greve dos caminhoneiros, em maio e junho e as incertezas eleitorais acabaram por minar uma maior confiança do consumidor. Mesmo a recuperação registrada em 2017 e 2018, ainda não foi suficiente para fazer com que os gaúchos recuperassem o nível de consumo verificado em 2014 – explica o presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch.

O dirigente lembra que 2018, mesmo não sendo um ano de recessão, foi um período ainda muito difícil para se trabalhar e empreender. A expectativa é que 2019 traga um novo horizonte, com resultados mais positivos ao longo dos próximos 12 meses.

– Temos a visão de que, sob o ponto de vista econômico, 2018 prometia ser muito melhor do que realmente foi. A verdade é que o Brasil nunca foi tão dependente de decisões políticas influenciando a vida privada – ressalta Vitor Augusto Koch.

Bens duráveis

O crescimento das vendas em 2018 no varejo gaúcho esteve concentrado nos bens duráveis, como veículos, equipamentos eletroeletrônicos e vestuário. O principal causador deste resultado foi o fato da rentabilidade das aplicações financeiras ter ficado bem abaixo do padrão dos últimos anos, dada a estabilização da SELIC em 6,5%. A partir desse cenário, vários poupadores passaram ser mais atraídos a comprar carros novos, roupas e produtos de informática.

Mesmo assim o consumo na maioria dos gêneros varejistas ainda está inferior aos padrões verificados há quatro anos. Persiste uma defasagem de 5,64% diante do apogeu do consumo gaúcho. É bem possível que o patamar de 2014 seja alcançado em 2019. Só a partir daí poderemos começar a falar em crescimento real do varejo.

Lojas e emprego

No que diz respeito ao número de lojas em atividade no Rio Grande do Sul, 2018 apresentou estabilidade na comparação com 2017. Eram 97.499 estabelecimentos em 2017 e, ao final de 2018, são 97.521. Mesmo com dois anos seguidos de crescimento de vendas, a população de lojas no RS só deve efetivamente crescer a partir de um clima de maior confiança econômica e institucional, o que esperamos que se consolide em 2019.

O emprego varejista gaúcho deve finalizar 2018 com leve alta de 0,03% na comparação com 2017. Isso se deve a contratação de profissionais temporários em novembro e dezembro, algo em torno de 6,2 mil, fazendo com que o ano termine com cerca de 516 mil profissionais atuando no comércio do Rio Grande do Sul, de acordo com os dados oficiais do CAGED.

O total de salários pagos pelo varejo deve aumentar 5,92% em 2018. Com uma inflação esperada de 3,96% para o ano, isto significa um crescimento real da remuneração média de 1.89%, o que é compatível com uma situação realista de evolução salarial, especialmente diante de um cenário econômico no decorrer do ano fortemente contaminado pela instabilidade e incertezas.

Cenários para 2019

– Antecipar o futuro no Brasil não é uma das tarefas mais gratas e precisas. Ao contrário da maioria dos outros países, no nosso as decisões governamentais têm maior impacto na economia e na sociedade, dada a grande presença do Estado no dia a dia das relações privadas. E devemos admitir que tais decisões não tem sido, normalmente, as mais sábias – lembra o presidente da FCDL-RS.

Na sua avaliação, a linha de condução prometida pelo próximo governo, vai na direção da redução de tal ingerência, o que é avaliado como extremamente positivo. Se isto realmente acontecer, o futuro será mais promissor.

No que diz respeito aos pontos favoráveis para o Brasil crescer em 2019, a FCDL-RS aponta a inflação estável, com a SELIC devendo continuar em 6,5% ao ano. Outro aspecto é a trégua da guerra comercial entre EUA e China, que mesmo não parecendo ser muito consistente, representa uma oportunidade para o novo governo promover uma política externa mais pragmática, voltada à geração de bons negócios para o Brasil. Além disso, mesmo com a tendência de fraca desaceleração, a economia mundial deve se manter com crescimento ao redor de 3% em 2019.

Outro aspecto importante é que o novo governo assume com elevado apoio da classe empresarial brasileira. Caso as decisões nos primeiros 100 dias de governo forem coerentes com a linha política propugnada na campanha eleitoral, a taxa de investimento privado deve aumentar muito em 2019.

Já os problemas possíveis que os brasileiros irão enfrentar no próximo ano estão relacionados a fatores como os benefícios da redução da SELIC ainda estarem distantes do mercado de crédito, fazendo com que os juros continuem elevados para o investimento e o consumo enquanto o sistema bancário permanecer excessivamente oligopolizado.

A inadimplência, mesmo em queda, ainda está acima de patamares satisfatórios, repercutindo em dificuldades adicionais de crédito para as pessoas físicas. Também não está claro se o futuro governo terá boa representatividade no Congresso Nacional.

A FCDL-RS acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha um crescimento entre 2,5% e 3,5% no próximo ano, ficando a expectativa de uma alta entre 4,5% e 7% nas vendas no varejo.

– Algumas medidas anticíclicas têm o poder de melhorar esse cenário. Entre elas, o uso dos bancos públicos para reduzir o custo financeiro aos bons pagadores. O aumento da competitividade bancária, a redução da dívida interna via cobrança dos grandes devedores de impostos, a redução da informalidade, e a venda de parte do excedente de reservas cambiais. Também, a conversão de parte da dívida interna em dívida externa com menor custo financeiro, a sustentação de um câmbio realista, que alavanque as exportações nacionais, a tomada de medidas voltadas a aumentar a atratividade brasileira aos investimentos produtivos externos e uma nova e efetiva política industrial e a adoção de medidas de desoneração fiscal em paralelo a ações de redução do custeio da máquina pública – aponta o presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch.

O futuro do Rio Grande do Sul

Para o Rio Grande do Sul as projeções apontam uma perspectiva de recuperação do preço internacional das commodities exportadas pelo estado, especialmente soja e proteínas animais, além da previsão de aumento de safra (produtividade), compensando o aumento de custos de insumos para plantio. São fatores que, geralmente, repercutem de forma positiva na economia gaúcha, representando, igualmente, uma aceleração das vendas do varejo.

Há, ainda, a expectativa de que ocorra a sustentação do crescimento do consumo de produtos duráveis e a recuperação da empregabilidade estadual.

Ainda assim, o cenário para 2019 no Rio Grande do Sul apresenta problemas que precisam ser superados. Mesmo com os avanços de gestão financeira, a situação das finanças públicas estaduais é preocupante. O investimento do governo estadual ainda deverá ser muito reduzido em 2019. O ICMS de fronteira e a substituição tributária, ainda sem solução operante e definitiva, acaba inibindo a circulação de mercadorias no estado. Outro fator que inibe crescimento é a provável manutenção das atuais alíquotas elevadas de ICMS vigentes no Rio Grande do Sul, o que prejudicará a disposição de investimento em terras gaúchas.

Em relação ao crescimento do PIB gaúcho para 2019, a FCDL-RS projeta três cenários. O pessimista, aponta crescimento de 2,1%. O realista, 3,7%. E o otimista, 6%. Em qualquer um destes cenários, é muito provável que ao final de 2019, O Rio Grande do Sul ainda esteja “devendo para a recessão”, especialmente no setor industrial.

– Estamos demorando mais de meia década para recuperar a riqueza que tínhamos no RS em 2013/14. Enquanto isto, neste mesmo tempo, China e Índia estão, respectivamente, 39% e 54% mais ricos. Precisamos, urgentemente, ter de volta a nossa capacidade econômica resgatada, sob pena de vislumbramos um cenário muito preocupante para os próximos anos em nosso estado – ressalta Vitor Augusto Koch.

Para que o Rio Grande do Sul retome seu viés de crescimento, seria importante o Governo do Estado assumir uma política mais agressiva para atrair investimentos estratégicos, além de buscar o equacionamento definitivo da questão da substituição tributária e do imposto de fronteira, o que alavancaria os pequenos negócios, gerando mais renda, empregos e ampliando a base tributária. Também será importante apoiar a inovação verdadeira. Berçários empresariais e incentivo à talentos criadores deveria se tornar uma política de Estado.

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