Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 28 de janeiro de 2024
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirma que registrou a devolução de um notebook e celulares funcionais do deputado federal Alexandre Ramagem (PL) após sua exoneração, em 2022. A apreensão de equipamentos internos em posse de seu ex-diretor-geral surpreendeu a agência, que vai investigar inclusive de qual departamento e de quem seria a responsabilidade pelo notebook e celular confiscados pela Polícia Federal nessa quinta-feira (25).
O próprio deputado admitiu que computadores e telefones da Abin continuavam com ele. “Não tem utilização há mais de três anos, sem uso. Mesmo sem uso, não devolve. Poderia devolver, mas não devolvi”, disse. A questão é que, segundo a Abin, os computadores e celulares que eram de fato destinados a Ramagem foram devolvidos após sua saída da agência, em cumprimento ao protocolo de saída de qualquer um de seus integrantes.
A Abin afirma ainda que não tinha ciência de outros equipamentos em posse de Ramagem. Por isso, após a operação da PF, a apuração interna da agência vai averiguar como foi permitido que o deputado permanecesse com esses equipamentos e a quais departamentos pertencem o computador e o celular confiscados pela PF com o parlamentar. Após entender o ocorrido, responsáveis pela apuração poderão ou não abrir uma investigação sobre eventuais responsabilidades acerca do caso.
Senhas de acesso
Faz parte do rito comum de desligamento de um agente da Abin que ele passe por uma entrevista e que não possa deixar o órgão antes de devolver todos os equipamentos que estejam com ele. Esses itens são catalogados e há controle interno com a atribuição de um código para cada um deles.
Além do computador, agentes da Abin usualmente recebem celulares, que são trocados ao longo do tempo em razão de atualizações, e um pen drive criptografado, que dá acesso ao sistema interno da agência. Com Ramagem, foram apreendidos 20 pen drives.
Esse item é o mais sensível de todos, porque contém senhas de acesso a sistemas, inclusive remotamente, para quem estiver fora da agência. No entanto, a Abin ressalta que o bloqueio das senhas, por si só, neutralizaria a tentativa de utilizá-lo para ter acesso aos sistemas.
E-mails de Ramagem
A Abin declarou que todos os usuários e as senhas de Ramagem foram bloqueados após a sua saída, em um procedimento também comum na agência. Agentes da Abin notaram, no entanto, uma situação pouco usual: e-mails de Ramagem, e outros policiais federais que integravam a chamada “Abin paralela” ainda aparecem em seus sistemas internos.
Entre eles, por exemplo, está o e-mail de Marcelo Bormevet, ex-chefe do Centro de Inteligência Nacional, e Luiz Felipe de Barros Félix, que foi lotado no gabinete do diretor-geral. Ambos foram alvos da Operação Vigilância Máxima, da PF, que murou a “Abin paralela” no governo Jair Bolsonaro (PL).
Contas bloqueadas
O estranhamento dos agentes da Abin se dá em razão do fato de que os e-mails de outros colegas, por motivo de exoneração, ou até mesmo de óbito, desaparecem do sistema como opção para envio ou troca de mensagens. Todas as mensagens e todos os atos do agente permanecem no sistema, para fim de manutenção de registros internos e auditoria, mas o desativamento de suas contas faz usualmente sumir o endereço do usuário para os demais oficiais e servidores.
A Abin explica que e-mails são mantidos para fins de auditoria e que, de toda maneira, todos esses agentes tiveram suas contas bloqueadas para acesso após suas exonerações, ou seja, segundo a agência, não poderiam acessá-los de toda maneira.