Terça-feira, 07 de maio de 2024

Acidente da Chapecoense completa cinco anos: especialista aponta semelhanças com a queda do avião de Marília Mendonça

O acidente com o avião da Chapecoense durante viagem para a Colômbia completa cinco anos neste domingo (29). Recentemente, outro acidente impactou o Brasil com a morte da cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas na Serra de Caratinga, em Minas Gerais. As tragédias da Chapecoense e da cantora Marília Mendonça se resumem a dor e saudade.

Enquanto o laudo pericial do acidente da cantora não é protocolado, o incidente do Verdão do Oeste apresentou ‘falhas humanas’ do começo ao fim.

O doutor em gerenciamento de riscos e segurança pela Universidade do Estado da Califórnia, Geraldo Portela, explica as circunstâncias que envolvem ambos acidentes.

Apesar da diferença significativa entre os portes das aeronaves, o especialista pondera que os casos assemelham-se em determinados aspectos, como o fato do acidente ter acontecido próximo do aeroporto e a característica de ser um voo fretado.

Veja a entrevista:

1) É possível ligar os acidentes aéreos da Chapecoense e Marília Mendonça?

A principal semelhança é o de fato que ambas são voos contratados. Não são voos comerciais, onde você tem uma rotina de voos que se encaixam. A aviação comercial segue um rito de fiscalização e rigor específico, enquanto a aviação geral tem como objetivo flexibilizar horários para clientes. Os dois acidentes envolvem VIPs, que são personalidades com repercussão na imprensa e que mobilizam milhares de pessoas, seja em um estádio de futebol ou numa arena de show. Então, eles precisam cumprir horários. Isso tem acontecido em outros casos de acidentes aéreos: muitas vezes, a agenda do cliente é muito rígida e esse fato pode exercer alguma pressão sobre a tripulação e companhia aérea. Mas os dois também têm diferenças claras. No caso da Chape, você tinha um numero de passageiros bem maior e a agilidade da aeronave não era igual de uma pequena, que poderia pousar em aeroportos menores.

2) Assim como o da Chape, o avião da Marília caiu próximo ao aeroporto. Isso é comum?

Temos que reconhecer que as operações de pouso e decolagem são as mais críticas da aviação. Depois que decola e estabiliza, a gestão do voo é bem mais tranquila. Mas a operação de pouso e decolagem é onde envolve a questão da aproximação, envolve uma situação limite dos pilotos. Não é uma coincidência. É por isso que há uma frequência maior de acidentes nessas situações.

3) No acidente envolvendo a Chape, em que pontos é possível apontar falhas humanas?

O avião da chape caiu por uma série de falhas humanas e pessoais, tanto envolvendo a gestão quanto a controladoria aeronáutica. Por exemplo, o fato do piloto ser também gestor da companhia aérea. Havia o interesse de performar economicamente o voo, reduzindo abastecimentos e tentando agradar os clientes, já que uma parada para reabastecer atrasaria o trajeto. Essa foi uma falha humana. Como gestor, ele errou em não fazer o abastecimento. Além disso, como piloto, ele deveria observar as condições de seus instrumentos, que indicavam que ele não tinha mais combustível suficiente para fazer um voo. A comunicação com a torre de controle também apresentou falhas em ambas as partes.

4) Houve falha em cálculos para o uso de combustível?

Os pilotos já saem com os cálculos de uso de combustível feitos. Não se pode sair no limite. Houve erro humano de planejamento de voo. E mesmo que durante o voo ele percebesse que não haveria combustível para completar o trajeto, ele poderia, bem antes de chegar no limite, fazer um pouso adicional para reabastecimento. Não é normal na aviação decolar sem essa reserva. Aconteceu por ele ser um gestor focado em reduzir custos. Se fosse outra pessoa, o piloto certamente reclamaria com a empresa. Sozinho, ele tomou decisões que resultaram nessa catástrofe.

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