Quinta-feira, 28 de março de 2024

Adele plagiou? Entenda a acusação do compositor de “Mulheres”, música que fez sucesso na voz de Martinho da Vila

O compositor Antônio Eustáquio Trindade Ribeiro, conhecido como Toninho Geraes, vai processar a cantora inglesa Adele por suposto plágio da música “Mulheres” (1995).

Segundo o compositor, grande parte de sua melodia foi usada na canção “Million years ago” (2015), creditada a Adele e ao produtor musical Greg Kurstin.

Em entrevista ao “Fantástico”, ele falou sobre a polêmica em torno das músicas. “Eu não quero brigar, só quero que reconheçam que a minha música está dentro da obra dela”, afirmou o compositor de “Me Leva”, gravada por Agepê, e “Verdade”, gravada por Zeca Pagodinho.

O advogado Fredímio Biasotto Trotta, responsável pela ação, explica o que levou Geraes a processar a cantora, as três notificações já enviadas às partes e quais os próximos passos judiciais.

“Million Years Ago” foi lançada 6 anos atrás, mas Toninho só ouviu no ano passado.

Ele ainda não entrou com um processo, mas já enviou três notificações. Duas delas foram para Adele, que não deu resposta. Ele quer ser creditado como coautor, receber royalties e uma indenização por danos morais.

Por que o processo veio só em 2021?

Segundo o advogado, Toninho Geraes não conhecia a música. Ele escutou a “Million years ago” por meio do produtor e músico Misael da Hora no início de 2020. Misael é filho do Maestro Rildo Hora, que orquestrou a gravação de “Mulheres”.

“Não fosse o Misael da Hora ter ouvido numa festa uma execução da canção e imediatamente presumido se tratar de uma versão (autorizada) da obra original, é bem possível que o Toninho até hoje não soubesse da existência do plágio”, diz Trotta.

De acordo com Trotta, Misael procurou os créditos da música e viu que não tinha menção aos brasileiros. O produtor então mostrou a faixa ao compositor e orientou que ele contratasse um advogado. “Quando o Toninho escutou a obra atribuída à Adele, ficou estarrecido e, ao mesmo tempo, com medo”, diz. Foi então que Misael apresentou Toninho a Trotta.

O que foi feito até agora?

Até o momento, foram emitidas três notificações. A primeira, em 27 de fevereiro deste ano, para a Sony Music. “A resposta que temos é da Sony que disse que o caso estava nas mãos da Adele e da XL Recordings para uma solução”, explica o advogado.

Assim, no início de maio, foram enviadas notificações para a XL Recordings [gravadora britânica]/Beggars Group [incorporador da XL], a Adele e a Greg Kurstin. Como não houve resposta, o advogado enviou uma segunda notificação aos três em 20 de maio, com um prazo de cinco dias para se manifestarem. As partes também não responderam a esse segundo envio.

A equipe de Toninho encomendou laudos técnicos com três peritos musicais, com a missão de “destrinchar tecnicamente” as duas obras. Segundo o advogado, o resultado do primeiro sairá nesta semana. “O perito disse que, retirando-se os ornamentos e outras notas de apoio, o que resta é um mesmo esqueleto, uma mesma estrutura melódica”, diz.

“Não creio que tenha sido obra só da Adele. Para mim, há impressões digitais muito fortes, aí, do Greg Kurstin, produtor premiado (Paul McCartney, Sia, Pink, Foo Fighters e Adele), estudioso da música brasileira”, conta. Kurstin estudou música brasileira na universidade e aprendeu a tocar berimbau, segundo seu perfil no Spotify.

Segundo o advogado, a música de Adele é muito parecida com uma versão de “Mulheres” cantada por Simone, cantora já conhecida pelo produtor. “Ela gravou também ‘Mulheres’, mas em um ritmo lento e na forma de balada pop, muito mais parecido com o que Adele interpretou do que a versão do Toninho”, diz Trotta.

Quais serão os próximos passos?

Agora, eles precisam esperar o resultado dos laudos técnicos. A isso, vão juntar comentários e depoimentos do público sobre a semelhança nas músicas colhidos pela equipe e também nas redes sociais.

Com isso em mãos, vão entrar com a ação principal. Os pedidos de Toninho são: Ser creditado como coautor; Recebimento dos royalties que a música rendeu para Adele, Kurstin e o lucro obtido indiretamente pelas gravadoras; Indenização por danos morais.

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