Sexta-feira, 29 de março de 2024

Advogados levantam bens de dono de empresa de criptomoedas para tentar reaver prejuízos de seus clientes

Sem esperar pela conclusão do inquérito da Polícia Federal do Paraná, advogados dos clientes lesados pela Rental Coins estão levantando o patrimônio milionário acumulado pelo dono da empresa de criptomoedas, Francisley Valdevino da Silva, o Francis da Silva, como prefere ser chamado. Na relação, aparecem duas mansões – uma em Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense, e outra em Governador Celso Ramos, no litoral catarinense, um jatinho e três embarcações, entre outros bens listados.

Nas ações já ajuizadas no Tribunal de Justiça do Paraná, que variam de pedidos de execução de dívida a indenização por danos morais e materiais, os advogados pediram o arresto dos bens em tutela antecipada. Mas alegam que o patrimônio de Francis, chamado pelos amigos de faraó, é bem maior do que os bens identificados. Um levantamento mais completo depende de varredura em mais de uma centena de CNPJs vinculados ao nome do empresas ou a sua rede de empresas.

Um dos bens listados é uma aeronave Cessna Aircraft Company, modelo 680, prefixo PP-BST. No cadastro da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), consta que o jatinho foi transferido em 2019 para o nome da ITX Administradora de Bens, cujos sócios são Rauny Pedro Ribeiro Chagas Proencio, Claudete Ribeiro Chagas Proencio e Francis da Silva. No mesmo cadastro, aparece ainda um gravame indicando bloqueio judicial do bem.

O modelo da ITX é um Cessna Citation Sovereign, jato executivo americano com capacidade para até 12 passageiros. Lançado em 2002 e fabricado até 2013 pela Cessna, custava US$ 18 milhões (quase R$ 100 milhões pela cotação desta quinta-feira), segundo um site especializado, quando retirado de fábrica. No caso de Francis, era usado pelo empresário principalmente nas pontes aéreas Curitiba-São Paulo e Curitiba-Rio, além das viagens para Governador Celso Ramos.

Outra expressão da riqueza de Francis, acumulada desde 2018, quando começou a operação de aluguel de bitcoins, é uma mansão erguida no ano passado no condomínio Porto Frade, em Angra dos Reis. De acordo com uma fonte que acompanhou as obras, a propriedade tem 1 mil metros de área construída, seis suítes e dois quartos, sala com pé direito duplo, piscina, sauna e píer exclusivo.

Amigos mais próximos também conheceram a mansão de Francis no balneário de Governador Celso Ramos, município do litoral catarinense vizinho a Florianópolis, com mais de 50 praias. Vídeo registrado por um visitante, passageiro de uma aeronave que pousou no heliponto da mansão, mostra um completo residencial no topo de uma colina. O autor da imagem sustenta que a mansão tem sete pavimentos.

Na lista de bens rastreados pelos advogados, aparece ainda uma conta de Francis no Fifth Third Bank, em Orlando, além de imagens de dois baús recheados de ouro, em barras e em pedra de 33,33 gramas, usadas pelo sheik, segundo testemunhas, para convencer os clientes a investir no aluguel de criptomoedas.

“Estamos em busca de bens. Já encontramos aeronaves, mas as contas pessoais de Francis e das das empresas dele estão zeradas. Mas o levantamento vai prosseguir. Já fomos procurados por pilotos que operaram aeronaves de Francis. A justiça vai ser feita”, promete Jeferson Brandão, advogado que representa um grupo de clientes lesados.

No caso das ações de execução, os advogados pedem o imediato ressarcimento dos investimentos com base em confissões de dívida assinadas por Francis:

“Temos a assinatura dele em 450 confissões. No meu caso, são mais de R$ 9 milhões em dívidas acumuladas”, disse o advogado Artêmio Picanço.

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