Segunda-feira, 02 de dezembro de 2024

Agronegócio: PIB da cadeia da soja cresceu 21% no ano passado

O Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia da soja e do biodiesel cresceu 21,03% em 2023 em relação ao ano anterior, atingindo R$ 635,9 bilhões em 2023. A expansão deveu-se sobretudo à safra recorde de soja no país no ciclo 2022/23, de 154,61 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Os dados fazem parte do estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

O montante representou 23,2% do PIB do agronegócio de 2023 e 5,9% do PIB brasileiro no ano passado. Em volume, o PIB de insumos cresceu 6,24%, o da soja em grão, 39,20%, o da agroindústria, 6,82%, e o dos agrosserviços, 16,58%.

O PIB de agrosserviços foi impulsionado pela safra recorde e pelo aumento do volume de produção de derivados. O mercado de farelo teve demanda aquecida no segundo semestre, com disputa entre produtores domésticos e internacionais, segundo o relatório.

A demanda externa subiu como reflexo da guerra entre Rússia e Ucrânia e da diminuição da oferta na Argentina. No mercado doméstico, a demanda da indústria de biodiesel foi o principal fator de impulso.

Dentro da agroindústria, o PIB do biodiesel cresceu 20,35% em volume. De acordo com o Cepea, a decisão do Conselho Nacional de Política Energética de elevar de 10% para 12% a mistura do biodiesel no óleo diesel a partir de abril de 2023 e o cronograma de aumento anual progressivo até 15% em abril de 2025 contribuíram para acelerar o crescimento da área.

O PIB de esmagamento e refino avançou 5,58%, com expansão de 4,8% da produção de farelo e de 8,6% na produção de óleo em 2023.

Já o PIB de rações cresceu 1,9%. Segundo o Sindirações, que reúne as indústrias de ração animal, a demanda cresceu para aves e suínos, mas esse aumento foi em parte anulado pela queda na demanda para bovinocultura, que está mais retraída por conta da redução nos preços da carne e do leite.

Queda na renda real

Apesar do crescimento em volume, houve queda real de 21,79% nos preços da cadeia da soja em 2023, por causa dos estoques elevados no mundo e do aumento da oferta global. Com isso, houve queda de 5,34% na renda da cadeia.

O principal gerador de PIB da cadeia continua sendo o segmento de agrosserviços, com 357,7 bilhões. Em renda real, houve queda de 2,24%, por conta da queda de 16,15% nos preços relativos.

A soja dentro da porteira registrou queda na renda de 7,61% no ano, para R$ 185,3 bilhões, com impacto negativo vindo da queda de 33,63% nos preços relativos. A agroindústria registrou queda de 4,92% na renda, para R$ 80,4 bilhões. A retração deveu-se principalmente ao recuo de 10,99% nos preços relativos da área.

Na agroindústria, a maior queda foi apresentada no biodiesel, com redução de 51,03% na renda, para R$ 9,3 bilhões, devido à queda de 59,31% nos preços relativos. Só o preço do biodiesel caiu 29,71% em 2023, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A área de rações encolheu 12,96% em renda, para R$ 10,5 bilhões, com queda de 14,58% nos preços relativos. Em esmagamento e refino, houve incremento de 3,58% na renda, para R$ 60,6 bilhões, com redução de 1,9% nos preços relativos. A área de insumos teve redução de 23,97% em renda, para R$ 40,2 bilhões. Os preços relativos na área encolheram 28,43%.

De acordo com o relatório, mesmo com queda em preços, o processamento gerou PIB de R$ 5.557 por tonelada de soja processada, frente à agregação de R$ 1.930 por tonelada de soja produzida no campo e não processada.

Cresce ocupação

A população ocupada na cadeia da soja e do biodiesel chegou a 2,32 milhões de pessoas em 2023, o que representou um crescimento de 10,74% em relação ao ano anterior.

Na agroindústria do biodiesel houve avanço de 18,45% no número de pessoas ocupadas. Também foi registrado aumento do emprego nos segmentos de insumos (6,15%) e agrosserviços (17,04%). Já no campo, houve redução de 4,82% da população ocupada. Na agroindústria de esmagamento e refino a retração foi de 5,13%.

Com relação às posições na ocupação e categorias do emprego, no agregado da cadeia produtiva, os empregados com carteira assinada representaram 46,1% do total de pessoas ocupadas em 2023. Trabalhadores por conta própria representaram 25,9% do total, enquanto os empregados sem carteira assinada responderam por 14,8% e os empregadores representaram 6,0% do total.

Em relação às categorias, o total de empregadores aumentou 15,11%. Empregados com carteira tiveram incremento de 12,82% e empregados sem carteira tiveram aumento de 11,5% em 2023.

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