Segunda-feira, 29 de abril de 2024

Alimentos ultraprocessados fizeram a obesidade explodir no mundo

Há mais de uma década, o Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde), da USP (Universidade de São Paulo), vem investigando a relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o aumento da obesidade. Um novo estudo, publicado pelo grupo no periódico International Journal of Public Health no dia 20 de maio, mostrou que 28% do aumento da obesidade entre 2002 e 2009 no Brasil foi causado pelo consumo desse tipo de alimento.

A equipe de pesquisa utilizou dados da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No período entre 2002 e 2009, o levantamento colheu informações não apenas sobre a aquisição de alimentos ultraprocessados —que é um indicativo de consumo—, mas também sobre peso e altura dos entrevistados, o que permitiu calcular o índice de obesidade dos consumidores.

Por meio do cruzamento desses dados, foi possível estabelecer uma relação entre os dois pontos. “Conseguimos quantificar a relação temporal longitudinal entre esses dois fenômenos no Brasil”, explica Maria Laura Louzada, pesquisadora do Nupens, e autora do artigo científico. “Essa foi a grande inovação do nosso estudo”, ressalta.

As últimas edições da POF não coletaram dados de peso e altura que permitissem uma análise temporal mais longa, mas, para Louzada, os resultados seriam similares aos encontrados no período do início dos anos 2000. “Seguiria a mesma tendência, porque o consumo de ultraprocessados continuou crescendo”, afirma. “Outros dados de outras pesquisas mostram que tanto a obesidade quanto o consumo de ultraprocessados continuou crescendo e que esses dois fenômenos estão associados”, completa.

Segundo a especialista, já existe evidência científica suficiente na literatura que mostre uma relação de causalidade entre os dois fenômenos. Novos campos de estudos têm tentado desenhar o mecanismo de atuação dos ultraprocessados no organismo. Algumas hipóteses apontam que esse tipo de alimento pode induzir a compulsão alimentar, por exemplo, ou que ele afeta o sistema de controle de saciedade.

O que são ultraprocessados?

A categoria de alimentos foi proposta em 2010 em um artigo publicado pelos pesquisadores do Nupens. São um grupo específico de alimentos que passaram por várias etapas de processamento e que são feitos por várias partes de alimentos, com muitos aditivos químicos, açúcares, gorduras trans e gorduras saturadas.

“Esses alimentos têm perfil nutricional pior, maior quantidade de açúcares, gorduras, menor quantidade de fibras, vitaminas e minerais”, explica Louzada. Alguns exemplos de ultraprocessados são salgadinhos, bolachas, refrigerantes e comidas prontas para consumo.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Estilo de Vida

Aos 81 anos, Roberto Carlos assume novo romance
Conheça os benefícios da linhaça para a saúde
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play