Sexta-feira, 17 de maio de 2024

“Antiga e ultrapassada”, diz Roberto Campos Neto sobre visão de que Banco Central serve ao mercado financeiro

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (29) que discorda da visão de que a atuação da instituição serve apenas ao mercado. “Essa é uma tese antiga e ultrapassada”, disse ele, durante palestra no Painel Econômico, promovido pelo Insper, em São Paulo.

Em relação à agenda de inovação, por exemplo, Campos Neto disse que o trabalho do BC contribuiu para tornar o Brasil campeão em fintechs, além de ter colaborado no avanço da transparência e na eficiência do sistema de pagamentos.

Ele também rebateu a crítica no que diz respeito ao trabalho em torno da política monetária. “Todo resto da taxa de juros são vocês que determinam com a vontade ou não de emprestar dinheiro para o governo”, disse o presidente do BC.

Durante o evento, Campos Neto defendeu o avanço da agenda de digitalização do sistema de pagamentos, inclusive para controle das fraudes. “Se todo dinheiro for digital e rastreável, só vai conseguir fazer (fraude) se conseguir transferir o dinheiro de uma conta para outra conta. Se no Brasil não tivesse conta laranja e nem conta fantasma, a fraude do PIX ia ser zero”, disse.

O presidente do BC afirmou ainda que, se houver controle no processo de abertura de contas bancárias, estas ocorrências de fraude tendem a ir a zero. “Hoje grande parte das fraudes é por falta de transparência”, avaliou. Em relação ao spread bancário, Campos Neto disse que o papel do BC visa diminuir a assimetria de informações.

Incertezas

“Se a incerteza diminuir, voltamos para a forma de atuação que tínhamos começado. Outra forma é o aumento da incerteza ficar mais tempo e criar ruídos crescentes, então teremos que trabalhar como seria o ‘pace’ [ritmo], teríamos que diminuir o ‘pace’”, disse, em participação em evento da Legend Capital, em São Paulo.

E acrescentou: “Outro cenário seria o crescimento da volatilidade da incerteza subir mais ainda e começar a afetar o balanço de riscos. Em outro cenário, chega um ponto em que muda as variáveis de tal forma que faz com que a realidade que projetamos não seja mais verdadeira, muda o que chamamos de cenário base.”

Campos Neto defendeu que a visibilidade dos próximos passos da autarquia aumenta a eficiência do canal de transmissão da política monetária, mas que isso tem que ser feito quando de fato há visibilidade. “Se quiser passar visibilidade quando não tem, o que acontece é que dará um guidance e terá que trocar.”

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