Quinta-feira, 03 de outubro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 20 de outubro de 2023
Ao menos 154 casos de violência sexual contra mulheres aconteceram por dia no Brasil em 2022, aponta o novo painel de Indicadores do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero do Ministério das Mulheres. Segundo o sistema, que considera as ocorrências registradas no Sistema de Agravo do Ministério da Saúde, foram 56.135 casos ao todo no ano, sendo 39 mil estupros, 16 mil assédios sexuais e 1.135 explorações sexuais.
O acumulado é o maior desde 2015, ano em que os dados começaram a ser sistematizados. Das 56,1 mil notificações de 2022, 32,2 mil, ou 57%, aconteceram com mulheres pretas ou pardas. Como nem todos os casos são registrados, pode haver subnotificação.
Além disso, 2022 foi marcado por um recorde de violência interpessoal contra mulheres: foram 242 mil casos notificados, 20% a mais que o ano anterior. Dos tipos de violência, a com maior ocorrência é a violência física (45%), seguida da violência psicológica (24,2%) e sexual (17,3%).
Segundo a coordenadora-geral do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero da pasta, Roberta Viegas, o novo painel servirá de base para a formulação de novas políticas públicas para mulheres:
“A gente sabia que a violência tinha aumentado, mas é muito chocante ver os dados de estupro e lesões. Dar a luz a esses dados é importante para nos nortear em novas ações.”
Voltada para a população feminina, a ferramenta reúne dados relativos à violência, educação, espaços de poder, mercado de trabalho e estrutura demográfica. Para Viegas, existia uma carência “forte” de dados oficiais do governo federal sobre mulheres.
“O painel poderá ser acessado por toda a população, servindo também para gestores estaduais e municipais. Além disso, volta para a gente como cobrança de políticas internas e com outros ministérios”, afirmou.
Votação adiada
Foi adiada a votação do projeto que cria um protocolo de prevenção à violência contra a mulher em estabelecimentos públicos (PL 3/2023). A matéria constava da pauta do Plenário da última quarta-feira (18), mas a relatora, senadora Augusta Brito (PT-CE), pediu o adiamento da votação para poder tratar com o governo sobre alguns ajustes no texto.
A tendência é que o projeto volte ao Plenário já na próxima semana. O texto foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos (CDH), no dia 13 de setembro, na forma de um substitutivo apresentado pela senadora Mara Gabrilli (PSD-SP).
A fim de combater condutas como estupro, assédio, importunação sexual, violência contra a mulher, contra a criança e o adolescente, além de constrangimentos e humilhações, o projeto cria o protocolo Não nos Calaremos, obrigatório para casas noturnas, boates, danceterias, festas, bailes, rodeios e vaquejadas, shows e festivais, espetáculos e eventos esportivos. A adesão é facultativa para restaurantes, bares, parques de diversões, congressos, hotéis e pousadas. Os estabelecimentos comerciais que aderirem voluntariamente terão direito a ostentar o selo do protocolo.