Quinta-feira, 10 de outubro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 25 de março de 2024
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) chamou o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, para conversas após o jornal americano The New York Times revelar que o ex-presidente Jair Bolsonaro ficou hospedado dois dias na embaixada do país em Brasília logo após ter o passaporte apreendido.
Halmai se reuniu com a titular da Secretaria de Europa e América do Norte, Maria Luisa Escorel. O Palácio do Planalto também foi comunicado sobre a reunião.
Na diplomacia, o simbolismo de chamar um embaixador para conversas depende do contexto. No caso da Hungria, o Brasil queria a prestação de informações claras e detalhadas sobre a ida de Bolsonaro à embaixada.
Como, por decisão do governo, não foi nem o presidente Lula que chamou o embaixador nem o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o peso diplomático é menor.
Sem passaporte
As informações foram publicadas pelo jornal nessa segunda-feira (25). A estadia ocorreu entre os dias 12 e 14 de fevereiro – no dia 8 daquele mês, Bolsonaro havia sido alvo de uma operação da Polícia Federal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. Na operação, policiais federais apreenderam o passaporte do ex-presidente no escritório do Partido Liberal (PL).
No mesmo dia, horas após a operação, Orbán utilizou uma rede social para declarar apoio ao amigo. Orbán postou uma foto com Bolsonaro, com a seguinte legenda: “Um patriota honesto. Continue lutando, senhor presidente Jair Bolsonaro”.
Por conta da postagem, Hamai foi chamado ao Itamaraty para conversas. Ou seja, é a segunda vez em menos de 2 meses que o embaixador húngaro é chamado ao MRE para conversas.
“A convite”
Em nota, a defesa de Bolsonaro confirma que o ex-presidente ficou dois dias hospedado na embaixada, “a convite”.
No comunicado divulgado à imprensa, os advogados do ex-presidente disseram que ele “passou dois dias hospedado na embaixada da Hungria em Brasília para manter contatos com autoridades do país amigo” e que, no período, o ex-presidente “conversou com diversas autoridades húngaras “atualizando os cenários políticos das duas nações”.
Segundo a colunista do g1 Andréia Sadi, a Polícia Federal (PF) vai apurar as circunstâncias da visita. O ex-presidente não poderia ser preso em uma embaixada estrangeira que o recepcionasse, uma vez que esses endereços estão legalmente fora da área de atuação das autoridades locais.
Proximidade
O “NYT” destaca, na reportagem publicada nessa segunda, a relação de amizade de Bolsonaro com o primeiro-ministro da Hungria, citando uma visita do então presidente brasileiro ao país da Europa em 2022, ocasião em que Bolsonaro chamou Viktor Orbán de “irmão”.
Em dezembro de 2023, os dois se encontraram na posse de Javier Milei – que também é um ultradireitista – como presidente da Argentina.
No dia 12 de fevereiro, data em que se dirigiu à embaixada húngara, Bolsonaro postou um vídeo em uma rede social convocando apoiadores para um ato em sua defesa no dia 25 de fevereiro na Avenida Paulista, em São Paulo.