Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024

As ruas silenciosas de Paris, bem diferentes das pesquisas

As ruas de Paris não mostram algum interesse mais exagerado dos eleitores franceses, mesmo diante da proximidade do pleito marcado para este domingo, dia 24, onde Emmanuel Macron, favorito para mais um mandato, enfrenta a ultra-direitista Marine Le Pen.

Eleitor silencia sobre o seu voto

Nos últimos dois dias, o colunista conversou com funcionários do hotel, percorreu varias regiões de Paris, circulou pelo metrô e percebeu que são raros os eleitores que abrem publicamente o seu voto. As pesquisas, mais incisivas, conseguem identificar uma vantagem para Macron, de até 10%. Mas no mundo real que o colunista encontra no dia a dia, o eleitor é mais comedido, e esse silêncio de uma maioria cria sem dúvida um mistério. O interior pode ter outra realidade.

Promessas de campanha, uma cultura universal

Aqui na França, percebo que, embora estejamos no berço do iluminismo, alguns encaminhamentos eleitorais possuem um padrão e se parecem com as campanhas brasileiras. Nesta busca pelos votos da esquerda, que pode decidir este pleito, os temas ambientais, que estiveram praticamente ausentes até aqui da campanha eleitoral para o primeiro turno da eleição presidencial francesa, reapareceram como num passe de mágica. De forma oportunista, os dois finalistas que disputam o segundo turno, Emmanuel Macron e Marine Le Pen, emendam seus programas na tentativa de captar os votos da esquerda – mas fica evidente que os projetos de ambos possuem apenas o interesse eleitoral imediato e permanecem insuficientes diante da crise climática, alertam organizações ambientalistas. Ambos tentam fisgar votos dos eleitores de Jean-Luc Mélenchon e Yannick Jadot, derrotados no primeiro turno, que propunham os programas ambientais mais ambiciosos e completos. Até irreais, mas sedutores, dizem maldosamente alguns analistas.

As promessas no setor ambiental

As maravilhas prometidas por Macron e Le Pen para fisgar os ambientalistas e a esquerda são muitas. Nesse sentido, o colunista pesquisou os recentes movimentos dos dois candidatos:

Macron promete que a França será “a primeira nação a abandonar o gás, o petróleo e o carvão”, graças ao desenvolvimento de seis novas centrais nucleares de última geração e dar ao primeiro-ministro a tarefa de conduzir o primeiro planejamento ecológico da França. O problema é que contra Macron, existem números ruins no quesito ambiental: no seu governo, o país só diminuiu em 1% as emissões de gases de efeito estufa, a metade da meta de 2,2% estipulada no Plano Estratégico Nacional de Baixo Carbono, em vigor no país. Nesse maravilhoso mundo das promessas eleitorais, Marine Le Pen não contesta o aquecimento global, mas critica o chamado o Pacto Verde europeu, o Fundo Verde pelo Clima e até o Acordo de Paris. Ela tem dito que não pretende retirar a França do tratado internacional, mas alega que o país “vai cumpri-lo da forma como escolher, no ritmo e nas etapas que decidir”, justificando que que os pactos internacionais são “muito limitadores” e simbolizam “uma ecologia devota de um terrorismo climático que ameaça o planeta, a independência nacional e o nível de vida dos franceses”.

TSE chegou à França. Alívio geral!

Aqui, chega a notícia de que o nosso TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está enviando representantes à França para acompanhar o segundo turno das eleições presidenciais no país. O ministro Sérgio Banhos, que está em Paris, já se reuniu com autoridades responsáveis pelo planejamento e acompanhamento do pleito. Faz sentido. Aqui há uma pesquisa indicando que 48% dos eleitores franceses acreditam que possa ocorrer fraude na eleição. Certamente o sistema eleitoral francês tem muito a aprender com o inatacável e sólido sistema eleitoral do Brasil.

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