Domingo, 19 de maio de 2024

Aumenta irritação dos moradores de Xangai com restrições por covid

A irritação da população de Xangai aumenta cada vez mais com o confinamento anticovid, após mais de 40 dias de restrições. A cidade tem sido palco de eventos incomuns, como confrontos no meio da rua, ou a fuga de operários de uma fábrica.

A metrópole mais populosa da China confinou seus 25 milhões de habitantes no início de abril na esperança de conter o pior surto de coronavírus desde a primeira onda no início de 2020.

Nesta terça-feira (10), autoridades voltaram a confinar moradores de quatro das 16 regiões da cidade, o que causou indignação da população local. As áreas já haviam sido liberadas diante da sensível melhora da pandemia.

Também nesta terça, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, disse que a política de “covid zero” adotada pelo governo da China para conter a pandemia é “insustentável”.

Oficialmente, Xangai registrou mais de 500 mortes em poucas semanas, uma catástrofe para a China, onde o balanço total informado pelas autoridades desde que a pandemia foi deflagrada no país é de cerca de 5 mil mortes.

Apesar de uma forte queda no número diário de casos, as autoridades estão reforçando seu arsenal de medidas antiepidêmicas, em nome da estratégia de “covid zero” defendida pelo governo chinês como prova de sua superioridade política sobre o Ocidente.

Em reação, a população não esconde mais sua frustração e não hesita em enfrentar as forças de segurança em um país onde protestos não são tolerados.

Na noite do último sábado (7), moradores insatisfeitos com o abastecimento de alimentos entraram em confronto com funcionários públicos vestidos com trajes de proteção integral, conforme vídeos divulgados nas redes sociais.

“Agitadores” incitaram vizinhos a ultrapassarem os limites de sua residência isolada, e outros, a atirarem objetos de suas janelas, acusaram as autoridades locais em um comunicado.

Imagens tiradas no bairro de Zhuanqiao mostram moradores, rejeitando as forças da ordem, aos gritos de “não à violência policial”.

Êxodo

Esses incidentes se seguiram a outro ocorrido na semana passada, em uma fábrica de uma empresa terceirizada que trabalha para a Apple, a Quanta, onde centenas de operários romperam barricadas para fugir. Segundo a agência de notícias Bloomberg, os trabalhadores temiam um endurecimento das medidas contra a covid.

Desde o início da quarentena em Xangai, os funcionários dormem no local de trabalho em condições espartanas, já que não podem voltar para casa.

A prefeitura garante que a capital econômica chinesa está ganhando a batalha contra a covid. O número de casos diários caiu para menos de 4 mil, depois de ter passado de 25 mil no fim de abril.

As autoridades locais afirmam que milhões de pessoas conseguiram recuperar parte de sua liberdade nas últimas semanas. Alguns já podem sair de seu apartamento, mas não do prédio.

Vários conjuntos residenciais restabeleceram as restrições, porém, mesmo em áreas de baixo risco, de acordo com avisos mostrados por moradores à agência AFP. Neles, lê-se que é proibido sair de casa por vários dias, com exceção para quem vai fazer o teste de detecção de coronavírus. Também não é mais possível pedir entrega de comida.

As famílias temem ser levadas para centros de quarentena, mesmo que seus testes tenham resultado negativo, pelo simples fato de haver um positivo no bairro.

“Fomos avisados que seria necessário deixar nossas chaves para que possam vir desinfetar o apartamento”, relatou uma britânica que mora em Xangai.

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