Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Bengala utiliza tecnologia de veículos autônomos para guiar deficientes visuais

Há cerca de 250 milhões de pessoas com deficiência visual no mundo. Muitas utilizam bengalas para se guiar, batendo o objeto no chão a fim de encontrar buracos ou obstáculos no caminho. Agora, engenheiros da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, resolveram recriar estes instrumentos, tornando-os mais modernos e autônomos.

O objetivo dos pesquisadores não era apenas adicionar sensores que apitam quando um objeto está atrapalhando a passagem. Na verdade, eles queriam desenvolver um acessório capaz de identificar o obstáculo, dizer o que ele é e desviar dele. Mais do que isso, o produto recém desenvolvido também deveria funcionar como um guia, levando o usuário até o destino planejado, fosse ele uma cafeteria no bairro ou uma loja no shopping.

Para chegar em algo do tipo, os pesquisadores utilizaram o sensor LIDAR (sigla em inglês para detecção de luz e alcance). Essa tecnologia é aplicada em carros e aeronaves autônomas, e utiliza lasers para identificar objetos próximos e medir a distância até eles.

Foram adicionados também sensores comumente empregados em smartphones, como GPS, acelerômetros, magnetômetros e giroscópios, usados para monitorar posição, velocidade e direção do usuário.

A bengala possui uma roda motorizada guiada por algoritmos, que tem como objetivo orientar o usuário sem tirar sua autonomia. Ela foi testada por pessoas assistidas pelo Vista Center, um centro para cegos e deficientes visuais localizado na Califórnia. O grupo, inclusive, pôde dar feedbacks sobre o produto, auxiliando nas decisões finais sobre design e usabilidade.

Os participantes do estudo fizeram passeios por corredores e outros ambientes ao ar livre. Os resultados, publicados na revista Science Robotics, mostram que a velocidade da caminhada aumentou em 18% quando as pessoas estavam utilizando o acessório, em comparação com quando andavam sem ele.

Os cientistas acreditam que o progresso possa ser atribuído à assistência de direção precisa, ao menor contato direto da pessoa com o ambiente e também à maior confiança do participante ao caminhar com auxílio da bengala.

O protótipo desenvolvido pelos pesquisadores de Stanford custou US$ 400 (cerca de R$ 2,2 mil). Segundo seus criadores, bengalas semelhantes já comercializadas podem custar até 15 vezes mais. Além disso, o novo bastão pesa pouco mais de um quilo, enquanto outros encontrados para venda são bem mais pesados.

Por enquanto, não há planos de produzir a bengala em larga escala. Os pesquisadores ainda pretendem afinar o projeto, e estão abertos a conversar com parceiros da indústria que tenham interesse em investir e viabilizar o negócio.

Até o momento, o grupo mantém a pesquisa como foco principal: o projeto possui código aberto e qualquer pessoa especializada no tema pode ter acesso a lista de materiais utilizados pelo cientista, podendo construir seu próprio acessório e até mesmo melhorá-lo.

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