Quinta-feira, 28 de março de 2024

Bolsonaro volta a criticar urnas eletrônicas e sugere apuração semelhante ao do prêmio da Mega-Sena

Repetindo seus ataques ao sistema eleitoral brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a sugerir nesta quinta-feira (4), que seja adotado um modelo de apuração de votos semelhante ao da Mega Sena. “Temos que nos preocupar”, disse o presidente sobre as urnas durante reunião com pastores da Assembleia de Deus realizada em São Paulo.

Bolsonaro afirmou que nos próximos dias pretende levar pessoas à Caixa Econômica Federal para mostrar como é a apuração do prêmio, que, na sua opinião, é mais seguro. Ele voltou a criticar ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas sem mencioná-los, e defendeu a participação das Forças Armadas no processo eleitoral.

“Três do TSE acreditam piamente nas pesquisas do Datafolha. Estou fazendo minha parte no tocante a isso. Estou buscando impor, via Forças Armadas, que foram convidadas, a nós termos eleições transparentes”, disse.

As Forças Armadas enviaram ao TSE, na última quarta (3), nove militares para iniciar a inspeção dos códigos-fonte dos sistemas da urna eletrônica. O trabalho deve durar dez dias. Apesar de os dados estarem disponíveis para análise desde outubro do ano passado, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, só solicitou o acesso nesta semana e em caráter “urgentíssimo”.

O esforço de Bolsonaro para minar a credibilidade das urnas eletrônicas ganhou força na campanha eleitoral de 2018 e atravessou o seu governo, mas em 1993, quando estava em campanha para se reeleger deputado federal pelo PPR e tentava articular uma chapa de candidatos militares, Bolsonaro defendeu com veemência a informatização do sistema de apuração, justamente para prevenir fraudes.

Na época, os eleitores ainda votavam em cédulas de papel. As urnas eletrônicas só seriam adotadas nacionalmente nas eleições municipais de 1996.

“Esse Congresso está mais do que podre. Estamos votando uma lei eleitoral que não muda nada. Não querem informatizar as apurações pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Sabe o que vai acontecer? Os militares terão 30 mil votos e só serão computados 3 mil”, gritou o parlamentar, em encontro no Clube Militar, no Centro do Rio, segundo reportagem da edição de 21 de agosto de 1993 do “Jornal do Brasil”.

De acordo com a a matéria, havia cerca de 50 militares reformados na reunião, convocada para definir estratégias para “salvar o Brasil”. O sentimento ali era de que o País precisava de mais militares no comando. Mas havia divergências sobre como a turma da farda, que deixara o governo com o fim do regime militar, em 1985, retornaria ao poder. Enquanto uns acreditavam na via democrática, outros enxergavam na eleição um sistema “viciado”.

O uso da urna eletrônica estava em análise e foi testado pela primeira vez na eleição de 1994, em cinco seções eleitorais, em Florianópolis. Após auferir o resultado em cinco minutos (seriam três horas com cédulas de papel), o então presidente do TSE, Sepúlveda Pertence, declarou a jornalistas: “A sensação é de alegria, de quem começa a ver o funeral do atraso e da fraude”.

Em 1995, houve ainda mais um teste, no plebiscito sobre a emancipação de Búzios, cujos moradores decidiriam tornar o município independente de Cabo Frio, no Estado do Rio. O resultado da votação foi auferido em apenas seis minutos após o encerramento do pleito.

Já em 1996, brasileiros de 57 cidades tiveram o primeiro contato com a urna eletrônica. Nas eleições municipais daquele ano, os votos de mais de 32 milhões de pessoas, o equivalente a um terço do eleitorado da época, foram registrados por cerca de 70 mil dispositivos. Quatro anos depois, em 2000, aconteceu o primeiro pleito totalmente informatizado do Brasil.

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