Sábado, 18 de maio de 2024

Brasileiros dizem que foram abandonados por grupo do Shakhtar Donetsk em Kiev: “Nos deixaram para trás”

O jogador de futsal Jonatan Bruno Santiago, de 30 anos, conhecido com Moreno, criticou nas redes sociais o grupo de jogadores brasileiros do Shakhtar Donetsk, que saiu de Kiev, na Ucrânia, no fim de semana. Ele relatou que havia se unido aos atletas na sexta-feira (26) para deixar o país ao lado deles, mas foi esquecido junto com outros dois compatriotas.

“Ficou eu, um jogador e mais um brasileiro. Só ficou a comissão técnica deles, que são todos italianos. Foi todo mundo embora. A gente estava o tempo todo junto, e eles simplesmente esqueceram da gente e foram embora”, disse.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) informou em nota que, “por meio das Embaixadas do Brasil em Kiev e em Bucareste, está coordenando a operação de retirada dos brasileiros em contato direto com o chefe da estação central de trens de Kiev, das autoridades locais em Chernivtsi e das autoridades migratórias romenas.”

Moreno vive em Kiev há seis meses e registrou os ataques do exército russo nas redes sociais. Nos relatos, tem mostrado a escassez de comida e o medo vivido por quem está na capital.

“Hoje almoçamos às 13h30 e depois subimos para o quarto para tomar um banho. E quando a gente desceu, às 16h30, simplesmente não tinha mais ninguém”, relatou.

O jogador do Skyup Kiev disse que chegou a mandar mensagem para um atleta que foi com o grupo para Moldávia ao perceber que tinha sido deixado para trás: “Ele falou: “pô, tu não está aqui?” A minha mala estava lá embaixo, passamos o dia inteiro ontem com eles e ninguém pensou em nos chamar?”

Mesmo assim, Jonatan disse que deseja sorte ao grupo com cerca de 40 pessoas, incluindo crianças, e relatou a tensão com a chegada da noite, quando os bombardeios podem piorar.

“Hoje é um dia definitivo da guerra aqui, a gente está bastante assustado. Espero que logo a gente saia também desta loucura”, finalizou.

Atualmente no Skyup Kiev, o jogador já defendeu Imperial Wet (Romênia), O Parrulo Ferrol (Espanha), Square (Croácia), FC Stalitsa Minsk (Bielorrússia), Giti Pasand (Irã), Corinthians e Jaraguá Futsal.

Estranho

Junto com Moreno no mesmo hotel, estava também o jogador gaúcho Matheus Ramires, nascido em Rio Grande.

“Depois do almoço, a gente foi tomar um banho nos nossos quartos, porque estava mais calmo, falei com meus familiares e, quando voltei, os brasileiros do futebol já não estavam mais. Resolveram ir, e que bom que estão bem. Parece que estão no trem, estão com filhos, a gente sabe da situação deles e torce para que cheguem na divisa para que consigam entrar no país para que estão indo. Mas a gente tá aqui, continua no hotel e aguardando”, revelou.

Apesar de torcer para o sucesso dos colegas na saída do país, Ramires estranha a atitude. Ele participou do vídeo divulgado em redes sociais pelos jogadores no qual pedem ajuda à Embaixada Brasileira para deixar a Ucrânia após o início dos conflitos.

“A Embaixada manda diversas notícias a cada 10 ou 15 minutos. A gente está em um toque de recolher das 17h até a segunda-feira, que o presidente ucraniano decretou. A gente vinha conversando até pouco tempo, porque estava todo mundo junto no bunker do hotel. Quando a gente saiu para tomar o banho, simplesmente juntaram suas famílias. Não sei se receberam alguma notícia exclusiva, porque sabe que são pessoas famosas, e simplesmente foram embora. A gente fica feliz por eles, não tem problema nenhum, mas foi algo inexplicável”, avalia.

Conforme Matheus, haviam, entre familiares e jogadores, 50 pessoas. Ele confirma que a Embaixada informou sobre a possibilidade de disponibilizar um trem para que deixassem a cidade. Contudo, a avaliação inicial seria permanecer.

“Os brasileiros foram na frente do hotel. Inclusive, um dos jogadores assistiu isso e falou que não tem como ir embora. Barulhos de tiro, de bala, de bomba, não teria como sair. A gente está longe. Quando deu essa acalmada, acho que eles olharam, eles têm carros aqui dentro da garagem, pegaram os carros com suas famílias e foram até o trem. Claro que foi muito mais rápido, acredito eu. Mas a gente vinha conversando, tomando decisões. No vídeo que postaram, eu estava junto, é só acompanhar. A gente sempre conversava em sair juntos, decidir juntos, nos reunimos ontem. Mas foi tudo muito rápido. Eles simplesmente foram”, relata.

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