Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 29 de outubro de 2023
O embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, tem orientado os brasileiros que estão nas cidades de Rafah e Khan Yunis, localizadas no sul da Faixa de Gaza, a estocar os produtos não perecíveis comprados com os recursos repassados pelo governo.
A orientação vem sendo dada em meio à escalada da guerra e a consequente crise de desabastecimento que afeta a região mais crítica do conflito entre Israel e Hamas.
O governo tem enviado dinheiro para que brasileiros e palestinos que integram o grupo que aguarda a repatriação possam fazer compras e garantir o mínimo para a sobrevivência. Os preços dos produtos na feira e nos mercados locais, no entanto, têm triplicado, às vezes quadruplicado.
“Nós mandamos recursos para uma semana. Esperamos que até a próxima semana eles ainda tenham os produtos. Eu sempre peço para estocar, então espero que tenham comprado por mais tempo. Nós mandamos todos os recursos necessários para uma feira”, afirmou Candeas.
A brasileira Shahed al-Banna, que vive na Faixa de Gaza e está com a família em Rafah, conta em um vídeo que, com o dinheiro recebido do governo, conseguiu comprar farinha, óleo, azeite, feijão, arroz, verduras, queijo e xampu.
“Não há alternativas. A alternativa é o corredor humanitário, que não se abre. Gaza está em bloqueio, já estava antes desta guerra e agora, com a guerra, piorou. A crise humanitária que já existia se intensifica cada vez mais e o nosso esforço é livrar os brasileiros desta crise”, concluiu o embaixador.
Desespero
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa), informou que milhares de pessoas invadiram armazéns e centros de distribuição, principalmente nas áreas central e sul da Faixa de Gaza. Itens básicos de sobrevivência, suprimentos de higiene e farinha de trigo foram os principais mantimentos levados.
Segundo a Unrwa, os suprimentos estão se esgotando e a ajuda humanitária que chega à Faixa de Gaza em caminhões do Egito é insuficiente.
As necessidades das comunidades são imensas, mesmo para a sobrevivência básica, enquanto a ajuda que está entrando na região é “escassa e inconsistente”.
Até o momento, pouco mais de 80 caminhões de ajuda entraram em Gaza em uma semana.
Pedidos de ajuda
A Representação do Brasil na Palestina atualizou para 34 o número de pessoas que aguardam liberação para deixar a região de Gaza pela fronteira com o Egito em segurança. São 24 brasileiros e 10 palestinos.
Esse grupo de brasileiros se divide em dois refúgios: um em Rafah, cidade próxima à fronteira, e outro em Khan Younis, também na porção sul da Faixa de Gaza. A maioria é formada por crianças e mulheres. Uma aeronave da Presidência da República aguarda o grupo em Cairo, desde 18 de outubro.
Enquanto a fronteira com o Egito não é aberta, uma aeronave da Presidência da República modelo VC-2, com capacidade para 38 pessoas, aguarda no Cairo para repatriar os brasileiros.
Ao todo, segundo o governo, 1,4 mil brasileiros já foram repatriados – todos, de Israel.
Autoridades brasileiras têm mantido contato com integrantes do governo egípcio a fim de tentar convencê-los a abrir a fronteira.