Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Cirurgia estética nos olhos gera sequelas. Procura por intervenções do gênero aumentou 40% no País

A pandemia de Covid-19 levou milhares de pessoas a trabalhar de casa e a fazer reuniões online. Ao se depararem com a autoimagem estampada no computador – com luzes e sombras que demonstravam rugas, olheiras e outras “imperfeições” no entorno dos olhos – muitas pessoas decidiram realizar procedimentos estéticos nesta área, o que ficou conhecido como “efeito Zoom”, em referência ao popular software de teleconferência.

De acordo André Borba, médico cirurgião oculoplástico (oftalmologista capacitado para tratamento reconstrutivo e estético das pálpebras, vias lacrimais e órbitas) e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular (SBCP), a procura por intervenções no entorno dos olhos aumentou 40% e, consequentemente, houve também um incremento de 20% nas complicações decorrentes destes procedimentos.

Segundo Borba, só em seu consultório em São Paulo houve um aumento mensal de 10% no número de pacientes apresentando complicações nos procedimentos estéticos realizados na região dos olhos. O especialista lista os principais deles: hipo ou hipercorreção da pálpebra (retirada de menos ou de mais da pele da pálpebra); lagoftalmo (dificuldade de fechar os olhos para dormir); olho seco; cicatrizes aparentes; ptose de supercílios; visão dupla e até cegueira.

“As complicações devem ser tratadas, na maioria dos casos, de maneira cirúrgica, abordando de maneira personalizada a necessidade de cada paciente. Normalmente, os pacientes estão muito abalados psicologicamente e querem uma solução rápida, só que isso infelizmente não é possível na área dos olhos. Em geral, uma nova cirurgia só pode ser feita seis meses após a primeira, por conta de todo o processo de cicatrização”, afirma Borba.

A reversão dos casos de cegueira provocados por algum procedimento estético é bem baixa: cerca de 5%. Esta sequela normalmente acontece quando o preenchimento com ácido hialurônico da região do entorno dos olhos ocorre de maneira errada e atinge algum vaso sanguíneo que irrigue o globo ocular. O especialista explica que quanto menos invasivo for o primeiro procedimento, melhor, pois o risco de complicações é menor.

Os procedimentos mais feitos neste período pandêmico foram a blefaroplastia (cirurgia nas pálpebras), preenchimentos com ácido hialurônico, aplicação de toxina botulínica, peeling e laser na região periocular.

Borba escreveu um guia prático de como evitar complicações faciais em tratamentos realizados com toxina botulínica. O trabalho em forma de artigo foi publicado na prestigiada revista científica Aesthetic Plastic Surgery.

“As complicações causadas pela aplicação errada de toxina botulínica são temporárias, e começam a se desfazer de três a seis meses após o procedimento. No entanto, os pacientes normalmente buscam este tipo de tratamento perto de um evento importante do qual pretendem participar, e se não fizerem com um profissional capacitado, podem ter resultados insatisfatórios”, alerta.

Os profissionais capacitados para realizar procedimentos cirúrgicos na região dos olhos são cirurgiões plásticos especializados na face, cirurgiões oftalmologistas e cirurgiões dermatologistas. A dica do especialista é sempre analisar o currículo do médico antes de realizar qualquer procedimento para saber se ele tem ou não a capacitação necessária para fazer a cirurgia, preenchimento ou usar lasers.

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