Sexta-feira, 29 de março de 2024

Clubes da Série B querem rever repasse de valores da Libra

O tom bélico das discussões sobre a Libra, a Liga do Futebol Brasileiro, observado após reunião em São Paulo na semana passada, perdeu força com conversas posteriores ao encontro. O clima ainda está longe de ser de extrema leveza, mas existe diálogo.

Em reunião realizada na tarde da última quinta-feira (5), em Santa Catarina, clubes da Série B do Campeonato Brasileiro discutiram a negociação de direitos de transmissão para as temporadas de 2023 e 2024, além da possível adesão à liga. A decisão foi estudar melhor o estatuto e debater novamente antes de levar uma posição final para a reunião marcada para o dia 12, na sede da CBF.

As propostas dos 14 clubes da Série A e dos da B estão alinhadas, embora as agremiações da divisão inferior tenham também outros objetivos, como igualar o peso de voto nas decisões da assembleia geral da liga – pelo estatuto atual, os votos dos clubes da Série A têm peso dois.

Entre reclamações, receios e exigências, existe um forte otimismo por parte do grupo formado pelos cinco paulistas da Série A e pelo Flamengo de que a liga de fato sairá do papel no dia 12.

Atualmente, a Libra tem oito assinaturas: Bragantino, Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Santos, São Paulo e mais Cruzeiro e Ponte Preta. Para que de fato sejam constituídas sede, estrutura e sociedade empresarial da liga, são necessárias 12. Porém, para organizar o Campeonato Brasileiro, como é a proposta do estatuto, seria necessário, além de adesão da grande maioria dos 40 clubes das duas divisões, o aval da CBF.

Na Série A, as posições já estavam claras desde a reunião de terça-feira em São Paulo. Os times paulistas e o Flamengo criaram a liga, enquanto o Forte Futebol, que se denomina como movimento de clubes emergentes, se colocou contra o formato de rateio de receitas. Além deles, os quatro restantes (Fluminense, Botafogo, Atlético-MG e Internacional) não aderiram oficialmente a nenhum dos lados, mas nos bastidores percebe-se alinhamento com o Forte Futebol.

Há reclamações de que o “grupo dos seis” sequer analisou a contraproposta enviada pelos 14 um dia depois de receberem a carta-convite para a reunião onde relataram ter chegado e ouvido que não haveria debate. Quem quisesse assinaria o termo de adesão. Do outro lado, essa narrativa é negada com veemência, sob o argumento de que a convocação para a criação da Libra estava na carta-convite.

Já na Série B, apesar da decisão de aguardar, também é claro um alinhamento de boa parte dos clubes com o Forte Futebol, embora uma parcela importante da divisão esteja ou indecisa ou com o “grupo dos seis”. Cruzeiro e Ponte Preta já assinaram a adesão à liga. Grêmio, Sport e Vasco ainda não decidiram se vão assinar e debatem os estatutos internamente.

Nos bastidores, contudo, há sinais de que o Vasco se alinhará ao “grupo dos seis”. Mas o clube só pretende tornar pública e oficial essa posição quando tudo estiver acertado com a 777, fundo que está em processo de aquisição da SAF do Vasco.

Os clubes da Série B estão alinhados com os 14 da elite nacional que não aderiram à Libra e pedem mudanças especialmente no modelo de rateio de receitas. Para as equipes da Segunda Divisão, outros itens também são de grande importância, como peso de votos em assembleia geral. Existe um receio de que no futuro, por exemplo, fiquem sem chance de vetar uma eventual tentativa de diminuir o número de equipes que sobem para a divisão principal.

No restante, a reivindicações dos times da Série B estão em linha com a contraproposta enviada pelos 14 clubes da Série A ao “grupo dos seis”, como o Flamengo e as equipes de São Paulo são chamados nos bastidores. A questão dos percentuais de divisão de receitas é uma divergência, mas, de acordo com dirigentes, é possível chegar a um acordo nessa parte.

Os clubes que assinaram a criação da Libra concordaram com a divisão das receitas com 40% repartidos de forma igualitária, 30% variável por performance e 30% variável por engajamento e audiência. Os clubes da Série B, à exceção de Cruzeiro e Ponte, e os outros 14 da A defendem que o modelo seja de 50% para divisão igualitária, 25% por performance e 25% por engajamento e audiência.

Outra discussão-chave é garantir que nos itens variáveis a diferença entre o que ganha o primeiro da lista e o último não seja tão grande. A proposta do “grupo dos seis” faz com que o primeiro receba seis vezes mais. E tanto os 14 quanto os clubes da Série B querem um limite de 3,5 vezes. Há um medo recorrente especialmente nos clubes de menor expressão de deixar poder demais na mão dos grandes.

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