Confira algumas das principais fake news sobre as enchentes no RS

Referência nacional em denúncias de informações falsas na internet e redes sociais, o site boatos.org tem listado uma série de fake news sobre as enchentes que atingem o Rio Grande do Sul neste mês. São mensagens baseadas em desinformação ou mesmo má-fé e que têm inclusive atrapalhado a luta contra a pior tragédia natural já ocorrida no Estado.

Em alguns casos, autoridades e especialistas já foram a público desmentir os boatos, mas as “notícias” continuam a circular sobretudo no aplico whatsapp. Confira, a seguir, um resumo dos principais conteúdos disseminados nos últimos dias.

Caminhões barrados

Mensagens apontavam que a Receita Federal estaria impedindo a entrada de caminhões com doações no Rio Grande do Sul por falta de nota fiscal. A alegação foi desmentida por autoridades estaduais.

Não há exigência de nota fiscal para veículos que transportam donativos para as vítimas das enchentes. Além disso, as autoridades gaúchas e de Santa Catarina não impuseram qualquer bloqueio na fronteira.

Outra alegação que circulou na internet apontava para dois caminhões barrados ao entrar no Rio Grande do Sul com doações de água, supostamente exigindo pagamento de impostos. O governo estadual negou a informação, afirmando que todas as doações passam sem cobrança de impostos.

Transporte proibido

Boatos sobre a proibição de helicópteros e barcos nos resgates de vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, especialmente em Canoas, circularam na internet. Porém, não houve veto a helicópteros de voluntários e nem há provas de que barcos estejam sendo proibidos de ajudar nos resgates.

A prefeitura de Canoas, inclusive, pede a colaboração de voluntários para realizar os resgates nos bairros mais afetados.

UTI de Canoas

O Boatos.org também desmente duas fake news semelhantes sobre corpos de vítimas em Canoas (Região Metropolitana de Porto Alegre). A primeira é a de que há 2 mil corpos boiando.

Já a segunda consiste no testemunho, em áudio, de um homem que relata ter encontrado um bebê morto em rio da região, após confundi-lo com uma boneca. Além da cidade registrar três mortos até agora (e não 2 mil), não há qualquer evidência de veracidade sobre o tal bebê morto.

Túnel desmoronado

Um vídeo que circula na internet mostra o suposto desmoronamento de um túnel na estrada Rota do Sol, quando na verdade a cena é de uma estrutura que ruiu na Turquia em 2023, após deslizamento de terra em rodovia que liga o Mar Negro ao Mediterrâneo.

Estoque de arroz

Fazer estoque de arroz devido às enchentes no Rio Grande do Sul não é uma ideia sensata. Embora o Estado seja o maior produtor do cereal no Brasil e as enchentes possam causar perdas na safra, não há evidências de que haverá escassez do produto.

Estocar alimentos, especialmente em momentos de crise, tende a aumentar a especulação e, consequentemente, inflacionar os preços, dificultando assim o acesso por quem mais precisa. Além disso, essa atitude é egoísta e não contribui para resolver o problema enfrentado pelas vítimas das enchentes.

Cataratas do Iguaçu
A história de uma cheia recorde nas Cataratas do Iguaçu (Paraná) devido às enchentes no Rio Grande do Sul é falsa. Um vídeo que voltou a circular nas redes sociais é antigo: 2014. E já foi utilizado em outras fake news durante os anos de 2019 e 2023.

As Cataratas do Iguaçu não tiveram cheia recorde recente. Além disso, o vídeo não tem relação com as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024. Portanto, essa história não passa de desinformação.

Presidente Lula

Um boato afirma que a distribuição de donativos para vítimas das enchentes em Lajeado, Rio Grande do Sul, foi proibida até a chegada de Lula à cidade. O vídeo que circula na internet é o mesmo gravado em setembro de 2023 e que já havia sido desmentido na época.

Não houve visita de Lula à cidade em 2024 e a alegação é falsa. As autoridades locais e o próprio governo federal desmentiram a acusação, e não há retenção de doações por parte do governo.

Neymar e Madonna

Não há evidências que confirmem a alegação de que o jogador brasileiro Neymar, atualmente no futebol árabe mas afastado por lesão, tenha alugado e doado dez helicópteros para ajudar nos resgates de vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.

A história surgiu de uma fonte não confiável e não tem qualquer confirmação. O atleta inclusive tem sido criticado por supostamente não ter contribuído para a causa, ao menos publicamente.

Sobre Madonna, a cantor norte-americana que se apresentou na noite de 4 de maio no Rio de Janeiro foi alvo de rumores sobre uma doação de R$ 10 milhões para os gaúchos, em segredo. O fato chegou a ser noticiado mas não houve confirmação por parte da artista ou de seus representantes.

(Marcello Campos)